ENTREVISTA ESPECIAL :  Tunai


O compositor das gerações

Autor de vários sucessos interpretados por grandes nomes da MPB, Tunai faz uma retrospectiva de sua vitoriosa carreira

 


Crédito: José Luiz Pederneiras

Um músico conhecido e respeitado em todo o país. Assim é Tunai, intérprete, arranjador e autor de vários sucessos gravados por estrelas da MPB e que ao longo de 25 anos de carreira atingiu conquistas memoráveis no cenário musical. Poucos sabem, mas esse mineiro de Ponte Nova é irmão de João Bosco, outra fera do mundo artístico. Tunai já teve parcerias com alguns artistas de renome, mas foi com o letrista Sérgio Natureza que houve uma sintonia total. A prova disso é que a maioria de suas canções tem Sérgio como seu parceiro principal. Dos intérpretes de suas composições, constam grandes nomes da MPB, como Gal Costa (Eternamente e Olhos do Coração), Fagner (Azul da Cor de um Blues), Jane Duboc (Doce Mistério e À Cores), Emílio Santiago (Perdão), Fafá de Belém (Na Hora Exata e Se Eu Disser), Zizi Possi (Numas), Beto Guedes, Joanna, Sandra de Sá, Sérgio Mendes (Olhos do Coração) e muitos outros.

O primeiro sucesso foi As Aparências Enganam (com Sergio Natureza), grande êxito na voz de Elis Regina em 1979. Em 1978, ele levou 12 músicas de sua autoria para Elis escolher qual iria gravar. A cantora gostou tanto que acabou gravando três: As Aparências Enganam, Agora Tá e Lembre-se. Essas composições tornaram Tunai cada vez mais conhecido no país. Esse foi o ponta pé inicial para outros artistas do naipe se interessarem pelo trabalho do compositor.

Vale lembrar que a relação de Tunai com a música veio desde pequeno. Ele teve as primeiras noções de piano com a mãe. Sua família era ligada à música e praticamente todos os dez irmãos fazem parte do meio artístico. Aos 11 anos, Tunai chamou a atenção em um festival da escola, cantando bossa nova. Desde então não parou mais de se ligar à música, mesmo quase se formando em engenharia.

No início da década de 80, depois de vários anos atuando com sucesso como compositor, gravou seu primeiro LP solo, "Todos os Tons", onde também cantava e tocava violão. Sua carreira como intérprete decolou, a sua responsabilidade foi crescendo e levando-o a shows por todo o Brasil e a outros discos que se seguiram. Seus grandes sucessos foram Frisson, Eternamente, Sintonia, Sobrou pra Mim, Olhos do Coração. Em 2004, o compositor gravou seu mais recente trabalho, o disco “Dança das cadeiras”, que marcou uma retrospectiva dos 25 anos de carreira. No repertório estão hits como Certas canções, parceria de Tunai com Milton Nascimento, Frisson, regravada por Ivete Sangalo, e As aparências enganam, cuja versão cantada por Elis Regina fez parte da trilha sonora da novela “Belíssima”.

No álbum - oitavo trabalho da carreira solo iniciada pelo músico em 1980 – é apresentado ainda as canções inéditas Amoroso - Quando a Lua Nasce (Tunai - Cláudio Rabello); Fogo do Amor (Tunai/Sérgio Natureza); Luz das Manhãs (Tunai/Abel Silva); Blue Minas (Tunai/Fernando Brant), entre outras. Tunai canta também Sempre na Mira, regravação do LP Todos os Tons, lançado em 1981 pela gravadora Polygram.

Estivemos reunidos com Tunai para que ele pudesse nos passar mais informações a respeito de sua carreira e o que ele está preparando por aí. Confira !


Site: http://www.tunai.com.br

Marcus Vinicius Jacobson

Reportagem

Entrevista publicada no dia 10/07/2007

 

1) Qual o balanço que você faz dessa sua vasta carreira na música ?

Nestes anos todos de música, que teve início em 1978 como compositor e em 1980 como intérprete, alguns prêmios em Festivais, sendo os mais importantes os da Tv Globo quando tirei o 3ºlugar no MPB Shell com Tentação-Doce Mistério com Jane Duboc cantando comigo ao violão e Banda, e melhor Arranjo no festival seguinte com Adeus à Dor com Cèsar C.Mariano (Ambas minhas com Sérgio Natureza), 2 Compactos Simples (80/81), os Lps Todos os Tons (81), Olhos do Coração (83), Em Cartaz (84), Tunai (Sintonia) (85), Sobrou pra Mim(88), os CDs Dom (93), todos da Polygram, agora Universal, mais Certas Canções Acústico Ao Vivo (2000)(Jam Music/EMI Odeon) uma Coletânea Dupla 30Músicas-Sem Limite (Universal) e o mais recente Dança das Cadeiras (Independente), mais de 170 músicas gravadas pelos intérpretes e muitos Shows por aí.....


Crédito: José Luiz Pederneiras

2) Intérprete, compositor, arranjador. De todas essas funções, qual a quela que você tem mais paixão de desempenhar e por que ?

Compositor, sem dúvida alguma, mas no nosso querido, grande e mal administrado e escandalosamente roubado País, é impossível viver das composições e a gente aprende por necessidade a ser Intérprete também e acaba gostando. Adoro fazer Shows, estar mais perto do público, enriquecendo minha música, absorvendo a diversidade cultural por todos os lugares q passo. Os arranjos saem praticamente prontos quando crio uma canção, o que a gente chama de arranjo de base, os outros-cordas, metais a gente deixa com os Arranjadores e Maestros oficiais, sempre opinando, é claro.

3) Você já teve músicas gravadas por Milton Nascimento, Emílio Santiago, Fagner, Gal Costa, Simone, Nana Caymmi e muitos outros. Tem alguma interpretação especial que tenha chamado sua atenção na voz de algum desses artistas?

Normalmente gosto muito de ouvir minhas músicas nas vozes dos intérpretes, e que no final das contas, ficam sendo deles, pois o compositor não é citado quando toca a música, por isto é pouco lembrado. São muitas as canções (a maioria em parceria com Sérgio Natureza) como já disse, e eu diria que gosto de quase todas, mas tem as que viraram clássicos como As aparências Enganam e Agora Tá - Elis Regina, Eternamente e Olhos do Coração - Gal Costa, Depois das 10 e Água na Boca (Tunai/Abel Silva) com Simone, dentre as 7 que ela gravou e Milton Nascimento com Certas Canções, uma das nossas 3 parcerias.


4) No início da década de 80, depois de vários anos atuando com sucesso como compositor, você gravou seu primeiro LP solo. Sentiu muitas diferenças quando começou a atuar no palco ?

Subir num palco é muita responsabilidade, voccê tem que estar seguro. No início da minha carreira não me sentia preparado, o que me fez adiar minha estréia e recusar (quem diria!) convites de Gravadoras como WEA e Polygram por exemplo. Bons tempos aqueles...

5) Fale pra gente sobre seu mais recente trabalho e o que o público pode esperar dele

O mais recente foi Dança das Cadeiras(Out/2004) CD de inéditas com uma regravação de Sempre na Mira (T/S.Natureza) Faixa 1, Lado A do 1º LP Todos os Tons, onde tive as participações de Zélia Duncan e a Banda Blue Notes, do meu filho André, mais Dudu e Felipe - todos atualmente com 20 Anos, atualíssima, onde diz: Cuidado, você está sempre na mira, da mentira de uma sombra de uma bomba de urânio, Cuidado você está sempre na briga, com uma faca na barriga, com uma viga no seu crânio, cuidado não respire pelo abano você está vivo por sorte e pode morrer por engano........Cuidado você está sempre na mira, da verdade de um revólver, fabricado pra matar, o tempo, a ira, a fome, de quem atira.Tem os meus parceiros S.Natureza, Abel Silva, Fernando Brant e Claudio Rabello, músicos excelentes, pra variar, arranjo de Jota Moraes e meus, fotos de José Luiz Pederneiras (De todas as Capas minhas) com uma grande qualidade técnica e muitos elogios da crítica na imprensa e infelizmente Independente onde o Público pode esperar Pouco dele (além de não tocar nas Rádios tem uma precária distribuição) e muito quando coseguem ouvir, modéstia às Favas....


Crédito: José Luiz Pederneiras

6) Pela sua experiência, como é que você vê essa situação do jabá na música ?

Não é de hoje que o Jabá existe, aliás uma prática aqui, nos EUA, Inglaterra, Europa e por aí vai...Me lembro de uma entrevista na imprensa há uns 2 anos, do André Midani, presidente da grav.WEA desde os anos 60 até uns 4 anos atrás quando foi pra Europa, pela mesma empresa, se não me engano, onde ele dizia qe foi procurado por alguns diretores de Rádios que disseram que à partir de uma tal data (na metade dos anos 60, creio eu) todas as gravadoras teriam q pagar para tocar os Artistas. Bem, o André foi contra e acreditando no seu Cast poderoso que figuravam, entre outros, Elis Regina e Gil, e nunca pensou que pudessem deixar de tocá-los, e aconteceu. Segundo ele, teve que ceder às pressões e já que as outras Gravadoras estavam pagando e diante das reclamações dos Artistas que não estavam tocando mais, deu o braço à torcer...È uma pena que tudo tenha virado Comércio, um Clube fechado, com poucos lugares marcados.


Crédito: José Luiz Pederneiras

 

7) Você tem algum projeto de CD ou DVD Acústico para o seu trabalho para o futuro ?

Tenho muitas canções inéditas pra 1 CD de carreira, porém quero gravar 1CD/DVD Ao vivo com Banda e convidados importantes na minha carreira musical no Projeto 25Anos ou Mais de Tunai, privilegiando as músicas mais conhecidas e 2 ou 3 inéditas.

8) Qual sua opinião sobre a música praticada e veiculada hoje em dia ?

A nossa música é uma das melhores do mundo, já disse o eterno Tom Jobim que não me deixa mentir. Essa riqueza reflete em várias tendências musicais e é uma pena que o lado mais pobre seja mais divulgado, proporcionando uma cultura menor em busca de um lucro maior por parte das combalidas gravadoras nessa era digital. Mas o que é bom fica, e os clássicos da MPB estão aí pra provar...

9) Quais os seus próximos passos dentro da música ?

Os meus passos são os de sempre: Compor bastante,pra mim e pros Intérpretes,cantar e tocar nos muitos Shows por aí, ler muito e cuidar da Saùde, fundamental pra qualquer plano que se faça.

10) Deixe um recado final para todos os seus fãs espalhados pelo país a fora.

Os fãs são fundamentais no trabalho de qualquer artista, pois eles refletem a alma da gente e sempre à espera de novidades. Um grande incentivo pra nós. Saúde, paz, muita música e muito trabalho também, pra todos vocês que nos prestigiam e estão com a gente nessa estrada da Vida.

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