ENTREVISTA ESPECIAL :  Paulinho Mocidade


A volta do grito de guerra mais vibrante do Brasil

Paulinho Mocidade retorna ao samba carioca para valorizar o Carnaval de 2009 e mostrar todo seu valor


Chegou a Hoooooora !!! Esse grito de guerra já é bastante conhecido de muitos carnavais. No próximo ano, por exemplo, a Imperatriz Leopoldinense será a felizarda por ter no microfone principal o grande criador desse lema. Não precisamos nem entrar em mais detalhes, pois fica fácil identificar de que estamos falando do banguense Paulo Costa Alves, ou melhor, Paulinho Mocidade. Além do carnaval, Paulinho tem uma carreira de cantor e compositor de samba. Já lançou dois CDs e 3 Lps Vinil e é autor de 40 músicas gravadas por personalidades. Podemos citar Dona Ivone Lara, Mestre Marçal, Eliana Pittman, Zeca do Trombone, Dellano, Emílio Santiago e Osvaldo Nunes, entre outros. Também deixou sua marca de compositor em outros estados, como Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Acre e Amapá, onde realizou diversos shows de samba e MPB. Seu grande feito foi ter levado o samba carioca para 20 países, na América do Sul, América do Norte e Europa.

Desde pequeno Paulinho já tinha no sangue a admiração pelo samba. Aos dez anos de idade, era levado pelo irmão Luis Carlos aos ensaios e festas na quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel. Aos 19 anos,  depois de cantar em blocos de empolgação da zona oeste, como Bafo do Gato, Beijoqueiros de Realengo, Grilo de Bangu, entre outros, Paulinho ingressou na ala de compositores da Mocidade, e se tornou, na época, o compositor mais jovem da escola. Era ele quem cantava os sambas que escrevia nas disputas, na quadra da verde-e-branca. Em 1979, a gravadora RCA Victor abriu um concurso, com o intuito de descobrir um novo talento musical. Paulinho participou da seleção, concorreu com mais de  dois mil candidatos e foi escolhido pela gravadora como novo talento, o que resultou em seu primeiro LP. O título do disco foi Se o caminho é meu (música de sua autoria com Jurandir Bringela), que logo depois, seria gravada por Dona Ivone Lara. Começava ali, a carreira de cantor e compositor. Paulinho continuava a disputar sambas na Mocidade, e foi então, que em 1982 conquistou o primeiro samba enredo, Como Era Verde meu Xingu (com Dico da Viola, Adil e Tiãozinho), o qual ficou marcado na galeria dos grandes sambas da escola e do carnaval. Em 1988, mais uma samba enredo vencido. Desta vez Elis, um Trem de Emoções (com Dico da Viola e Cadim), em homenagem a cantora Elis Regina.

Com as vitórias, o destino tinha que lhe dar uma oportunidade maior. E essa oportunidade como intérprete oficial veio numa fogueira danada. Se o jovem sambista se saísse bem, seria a consagração. Caso contrário, seria o desastre total. Para sorte dele, da Mocidade Independente e do mundo do samba ocorreu a primeira opção. A história começou quando aconteceu a morte de Ney Vianna, em plena quadra da escola, durante a final da escolha do samba-enredo para o carnaval de 1990, em outubro de 1989. Vários nomes foram cogitados para substituir o legendário Ney, inclusive muitos medalhões. Na véspera da gravação do disco, o patrono da Mocidade, Castor de Andrade, definiu Paulinho Mocidade como novo intérprete da verde-e-branco. A notícia pegou muita gente de surpresa, afinal Paulinho era um jovem e semi-desconhecido sambista, restrito às rodas de samba realizadas na quadra da escola. Na faixa da Mocidade, os produtores mixaram a voz de Ney Vianna em antigas gravações no grito de guerra e em trechos do samba, em detrimento à voz de Paulinho. Mas a estrela desse sambista sempre brilhava.

Com isso, a consagração de Paulinho Mocidade veio justamente no desfile de 1990. Amparado por uma grande equipe de cantores de apoio, entre eles, os então iniciantes Wander Pires e Nego Martins, a harmonia da escola foi conduzida de maneira correta. O desfile, memorável, deu à agremiação o campeonato e a certeza de que Paulinho Mocidade seria mantido no posto. Em 1991, já demonstrando cancha, ajudou o desfile do bicampeonato com o tema Chuê, chuá, as águas vão rolar. No ano seguinte, com Sonhar não custa nada, ou quase nada, samba de sua autoria, mais tranqüilo e experiente, Paulinho deu um show de interpretação e a Mocidade apresentou um lindo espetáculo na avenida, mas infelizmente por detalhes técnicos perdeu o título para a Estácio de Sá.

Apesar do sucesso, Paulinho Mocidade nunca foi unanimidade dentro da própria escola e da nova diretoria empossada. Logo após o carnaval de 93, destituiram o puxador do cargo, abrindo passagem para o jovem Wander Pires no desfile de 94. Nos dois carnavais seguintes, Paulinho Mocidade conseguiu lugar no morro do Borel e comandou a Unidos da Tijuca. Em 98, foi para o Morro da Formiga e defendeu o samba Elymar Superpopular, na Império da Tijuca, pelo Grupo de Acesso. Com a transferência de Preto Jóia para São Paulo, em 2000, Paulinho, que estava afastado do carnaval, recebeu um convite da diretoria da Imperatriz Leopoldinense para interpretar o samba da escola. Na Imperatriz, foram três carnavais e dois títulos (2000 e 2001). Em 2001, além do tricampeonato pela agremiação de Ramos, veio o reconhecimento de seu trabalho e da sua maturidade como intérprete, ao receber o Estandarte de Ouro. Retornou a Padre Miguel em 2003 e 2004. No carnaval de 2005, Paulinho defendeu no carnaval paulista a Águia de Ouro.

Mas depois de 8 anos, Paulinho está de volta ao Carnaval da Imperatriz como já foi dito no início da matéria. Para muitos, ele chegou para dar sorte à escola e conquistar esse tão sonhado título. Quem sabe, mais um estandarte de ouro como intérprete está a caminho ? Com a palavra, Paulinho Mocidade. O sambista está aqui para falar dos planos e de sua carreira brilhante. Confira, abaixo, na íntegra !

 

Site:

http://www.paulinhomocidade.com.br

Marcus Vinicius Jacobson

Reportagem

Entrevista publicada no dia 10/10/2008

1) Você já tem 28 anos de estrada. Qual o balanço que você faz dessa sua carreira até aqui ?

Se tivesse que começar novamente, não me arrependeria...

2) Quando você percebeu que o samba era a sua verdadeira paixão ?

Nascido e criado no bairro de Bangu, ao lado de Padre Miguel, vi muitas vezes de perto na minha adolescência e juventude,o famoso mestre André e a fantástica bateria da Mocidade. Daí comecei pra valer a gostar do samba..

3) Além do carnaval, você tem uma carreira de cantor e compositor de samba. Já lançou discos e é autor de músicas gravadas por grandes nomes como Mestre Marçal, Dona Ivone Lara, Emílio Santiago, entre outros. Como se sente em relação a isso ?

São 3 lps/vinil e 2 cds e 40 músicas gravadas,por mim e outros cantores. Me sinto muito orgulhoso e meu astral sempre acima,porque acho que levo alegria e contentamento a milhões de pessoas.Esta missão foi dada por DEUS...

4) Entre atuar no carnaval e compor, qual função você tem mais gosto?

As duas, pois são inexplicáveis!!

 

5) Em relação a Mocidade de Padre Miguel, como é a sua ligação com essa Agremiação?

Nasci e me criei aqui em Bangu e Padre Miguel, bairros vizinhos. Aprendi samba com a Mocidade e os blocos de empolgação que existia na região. Hoje ainda existe alguns. Então o meu carinho com escola será sempre de muito afeto. Acho que somei em muito pelo engrandecimento da escola. Mas como profissional tive que correr mundo afora e o ao nosso país também. Portanto ela é muito grande e já revelou grandes nomes e acho que sou um deles. Estarei sempre querendo o melhor pra Mocidade, mas preciso tocar minha vida também...

6) Você foi o intérprete de Sonhar Não Custa Nada, ou Quase Nada que se tornou um hino da escola de Padre Miguel e um dos principais sambas de toda história do carnaval. Como você se sentiu naquele momento e nos dias de hoje com essa repercussão ?

Na verdade, como compositor venci 8 sambas de enredo: 3 na Mocidade e os outros 5 espalhados em outros estados brasileiros (ES-RS-AP). A sensação é fantástica,principalmente pelo samba citado, já que se passaram 16 anos e este samba é um hino nas ruas,nos salões e nos desfiles de blocos e nas arquibancadas dos estádios de futebol espalhados pelo nosso país. É muito gratificante,agradeço sempre a Deus!

7) Você já atuou no Carnaval de São Paulo e teve várias passagens no do Rio. Quais foram as principais diferenças que vivenciou nessas 2 experiências ?

O carnaval do Rio de Janeiro é a matriz pro mundo. Portanto nada se compara. Estão se aproximando bem, mas  São Paulo, que é o segundo carnaval do país, está muito legal e não deixa de ser uma grande opção para todos os profissionais do ramo. Mas nada se compara ao Rio de Janeiro..Agora a emoção sempre será sentida. Eu canto com alma...!!!

 

8) Alguma novidade em relação ao Carnaval de 2009 pra sua carreira ?

Sim, minha volta a Imperatriz Leopoldinense !

9) Quais são seus próximos projetos que você tem em mente ?

Ser mais uma vez campeão do carnaval, seria o meu quinto título. E pra onde eu retornei as chances são muito boas. E também fazer mais um CD de carreira ou quem sabe o meu dvd...

10) Deixe uma mensagem final pra todos os seus fãs que você conquistou pelo país a fora.

Os meus sinceros agradecimentos pelo carinho que todos têm por mim e o reconhecimento do meu trabalho. Fiquem sempre na paz, encham os seus corações de amor, brandura, paz, compreensão, luz e vamos sempre cantar a nossa MPB, em especial o nosso Samba...Obrigado a todos !

VOLTAR | ATUALIZAR | AVANÇAR