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Falar de Moacyr Luz é
falar de um dos artistas mais atuantes do berço do samba e sobretudo um apaixonado pelo
Rio de Janeiro e pela cultura carioca. Um profissional com simpatia e simplicidade na
medida certa. Não é a toa que Moa, como gosta de ser chamado, é um dos grandes
compositores da atualidade. Também pudera. Ele já fez centenas de canções, muitas das
quais gravadas por ícones da nossa música como Maria Bethânia, Nana Caymmi, Gilberto
Gil, Leila Pinheiro, Fafá de Belém, Fátima Guedes, Leny Andrade, Rosa Passos, Zeca
Pagodinho e muitos outros. Amante dos subúrbios, das esquinas e bares escondidos pela
cidade, o polivalente Moacyr Luz joga nas onze: produtor, arranjador, compositor,
violonista, cantor, e fazedor de amigos. Além do mais, esse carioca da Tijuca, que não
sai de Vila Isabel, virou um especialista em botequim, tendo escrito o Manual de
Sobrevivência nos Butiquins Mais Vagabundos.
Aos 56 anos de idade, com dez discos e uma incontável quantidade de canções imortais,
Moacyr tem uma história de vida muito afinada. Seus primeiros contatos com a música
foram com o avô, que tocava clarinete na banda do Corpo de Bombeiros, mas descobriu mesmo
sua paixão pelo violão aos 15 anos, pouco após a morte de seu pai, quando um primo do
Méier o levou para assistir a uma aula com um irmão de Hélio Delmiro, considerado por
muitos o maior violonista do Brasil. Começava ali uma longa amizade com Hélio. Com isso,
Moacyr foi estreitando todos os laços permitidos e não parou mais de conviver com
gênios, como ele mesmo diz. No Rio Jazz Club, por exemplo, fez shows com Luiz Eça. E
tornou-se o grande parceiro de ninguém menos do que Aldir Blanc, com quem fez pelo menos
90 músicas. Entre tantas pérolas de sua carreira, Saudades da Guanabara,
parceria com Paulo César Pinheiro, é certamente uma de suas obras mais representativas,
uma autêntica declaração de amor à cidade maravilhosa.
A trajetória de sucesso de Moacyr Luz se iniciou em 1988 ao lançar no mercado o disco de
estréia, que levava seu nome, e que contava com a participação do virtuoso violonista
Raphael Rabelo, além do sempre parceiro Blanc. Em 95 lançou Vitória da ilusão,
no qual participaram as Pastoras da Portela, um quarteto de cordas e um grupo de
percussão africana - Moacyr celebrava, assim, 10 anos de parceria com Adir Blanc. Mandingueiro
foi seu terceiro álbum. Lançado em 98, o disco, que trazia os mestres Nei Lopes e Paulo
César Pinheiro, conquistou grandes elogios da crítica especializada. Depois veio Na
Galeria, em 2001, quando Moacyr interpreta bambas como Cartola, Noel Rosa e Paulinho
da Viola, colhendo, mais uma vez, elogios da imprensa. Em seu quinto disco, Samba da
Cidade (2003), apresentou músicas gravadas com Wilson Moreira, Martinho da Vila,
Paulo Cesar Pinheiro, Wilson das Neves, Nei Lopes e Luiz Carlos da Vila.
Em 2005, veio A Sedução Carioca do Poeta Brasileiro, no qual transforma em
música obras de poetas como Ferreira Gullar, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade,
Vinicius de Moraes e Mário de Andrade, acompanhado do excelente sexteto de choro Água de
Moringa. Segundo Moacyr, foram 10 anos construindo este CD de samba e choro, que passeia
pelo lado lírico da Cidade Maravilhosa. No mesmo anos lançou também, Violão e Voz,
onde relê, no formato acústico, algumas de suas canções, somadas a clássicos imortais
da música brasileira. Em 2006 foi lançado o CD Armando Marçal e Moacyr Luz e
finalmente em 2009, veio Batucando, sempre com boa receptividade da
crítica.
Hoje Moacyr atua também como produtor e no currículo já traz os Cds de estréia de
Casquinha e Guilherme de Brito, além do "Samba do Trabalhador - Renascença Samba
Clube", fruto de sua consagrada roda "Samba do Trabalhador", uma ironia ao
horário e dia ingratos em que é realizada (das 14 às 20 horas nas segunda-feiras no
Clube Renascença no Andaraí). Luz assina a última faixa do disco, "Cabô Meu
Pai", de certo uma das melhores da coletânea que revelou músicos de alta qualidade
como Abel Luiz (compositor e cavaquinista) e Wladimir Silva (violonista).
Estivemos reunidos com o grande Moa, que nos atendeu de forma muito gentil e realizou esse
bate-papo informal sobre sua carreira. Confira, abaixo, na íntegra !
Site:
http://www.moacyrluz.com.br |