ENTREVISTA ESPECIAL :    The Fevers

Os Reis dos Bailes a todo vapor

Banda que marcou a Jovem Guarda continua embalando multidões por onde se apresenta

 

O grupo reunido: A união é o segredo do sucesso duradouro

Quem viveu plenamente a Jovem Guarda lembra bem do grupo que era conhecido como O Rei dos Bailes e ainda embala multidões até os dias de hoje, por onde passa. Estamos falando justamente do The Fevers, que completou esse ano 38 anos de uma carreira bem sucedida. Carreira essa só compatível em número de sucessos com o superstar brasileiro Roberto Carlos e os Rolling Stones. O grupo teve  marcante participação no movimento da Jovem Guarda. Foi a partir daí que sua popularidade se firmou por todo o país. Alguns dos maiores sucessos da banda são lembrados até os dias de hoje. Certamente você já deve ter escutado canções como "Mar de Rosas, "Sou feliz’, "Nathalie" e "Vem me ajudar"  "Alguém em meu caminho" e "Hey girl", "Sou assim" e "Marcas do que se foi" , "Elas por elas, "Guerra dos sexos "Por causa de você". Isso só para citar alguns.

Inicialmente chamado The Fenders, o grupo foi formado em 1964, no Rio de Janeiro e começou a tocar juntos no ano seguinte em programas ao vivo  como "Discoteca do Chacrinha"(TV Excelsior), "Hoje é dia de rock"(TV Rio) e o Programa Euclides Duarte (Rádio Mauá).  Durante o auge da Jovem Guarda lançaram vários discos e foram muito requisitados em programas de rádio e televisão, festas e bailes. Fizeram (muitas vezes sem crédito nos discos) o acompanhamento instrumental de gravações de Eduardo Araújo (O bom), Deny e Dino (Coruja), Erasmo Carlos (os LPs O Tremendão e Você me acende), Roberto Carlos (gravações como Eu te darei o céu e Eu estou apaixonado por você), Golden Boys, Wilson Simonal (faixas como Mamãe passou açúcar ni mim), Trio Esperança (LP A festa do Bolinha), Jorge Ben (o LP O bidu/Silêncio no Brooklin) e o primeiro LP de Paulo Sérgio.

A formação atual dos Fevers é: Liebert Ferreira (contrabaixo), Luiz Cláudio (solo vocal e percussão), Miguel Ângelo (teclados e vocais), Rama (guitarra e vocais) e Otávio Monteiro (bateria).  Vale lembrar que o grupo seguiu gravando após o fim da Jovem Guarda, com formação variada, que inclui os músicos Michael Sullivan e Miguel Plopschi, depois produtor. Também gravaram com o nome de The Fireboys. E mesmo com todas essas mudanças, o grupo sequer perdeu o sincronismo perfeito que sempre o caracterizou em suas apresentações.

A discografia da banda, ao longo de sua carreira, atingiu a marca de 50 álbuns, entre LPs e CDs, atingindo a brilhante marca superior a nove milhões e quinhentas mil cópias vendidas, que os agraciou com as seguintes premiações: foi eleito melhor conjunto para bailes em 1968, 18 Discos de Ouro, 4 Discos de Platina e 1 de Platina Duplo (recebido em Portugal, no ano de 1999). No mesmo ano receberam, também, o Premio Sharp 99 (Melhor Grupo) e o Premio Rádio Difusão 99 (Destaque Popular).  É bom destacar que os dois temas de abertura de novelas da Globo citados acima serviram para impulsionar a carreira da banda no exterior, visto que ambas as novelas fizeram enorme sucesso na Europa.

O grupo continua em plena atividade e ascensão, honrando de corpo e alma o rock brasileiro. O último CD "Ao Vivo", lançado pela Sony Music, foi gravado durante a Turnê de Verão 2000, que se estendeu por todo o Nordeste. Em breve, os Fevers estarão lançando um CD inédito pela gravadora POLYDISC. Para falar sobre isso e todo o passado vitorioso da banda, conversamos com o vocalista Luiz Cláudio. Confira essa entrevista na íntregra !

Site: http://www.thefevers.com.br

Marcus Vinicius Jacobson

Reportagem

Entrevista publicada no dia 16/12/2003

1) Qual avaliação que vocês fazem desses 38 anos de carreira ?

Achamos que nosso grande mérito é termos sobrevivido a tantas tendencias e tantos modismos. Com 38 anos de carreira, o carinho que recebemos do público, inclusive os mais jovens, só nos dá a certeza de que tudo o que fizemos valeu a pena.

2) A mídia não tem dado espaço aos grupos e cantores que marcaram época e tem preferido divulgar artistas que exploram músicas descartáveis. Com a experiência que vocês tem no ramo, como analisam isso ?

Acho que vai ser sempre assim. A mídia tem sede de novidades, por isso muita coisa sem qualquer conteúdo é alçada ao pódio do sucesso para ser usada, explorada e esquecida com a mesma rapidez.

O grupo continua encantando por onde passa

3) O que mudou dos Fevers da Jovem Guarda para os Fevers dos dias de hoje ?

Evidentemente, o grande progresso tecnológico que aconteceu durante esse tempo trouxe mudanças para melhor na sonoridade da banda. Com relação ao espírito, acho que quase nada mudou. No decorrer de nossa carreira algumas vezes nos sentimos tentados a fazer mudanças radicais, seguindo tendencias do momento. Mas no final o bom senso sempre prevaleceu e hoje temos certeza que tão importante quanto ter coragem de mudar é ter a coragem de não mudar.

4) Na época da Jovem Guarda vocês eram bem requisitados e foi o marco da carreira da banda. Como os Fevers estão atualmente, nesse mercado cada vez mais concorrido e com menos espaço ?

Estamos muito bem, levando em conta que naquela época jamais poderíamos imaginar ir tão longe. Com relação ao mercado fonográfico, a gravadora EMI-ODEON acabou de lançar uma coleção de nove CDs que cobre nossa carreira de 1966 a 1976 e dentro de alguns dias estaremos lançando um CD inédito pela gravadora POLYDISC. Levamos muita fé nesse trabalho.

O grupo recebendo oDisco de ouro em  janeiro 1999 em Portugal.

5) Na opinião da banda, está mais fácil fazer sucesso hoje em dia do que antigamente ?

Não. Até os anos 80 havia muito mais programas exclusivamente musicais; dentre eles podemos destacar a Discoteca do Chacrinha, que lançou muita gente, O Globo de Ouro, o Geração 80 e vários outros. Hoje em dia o espaço é bem menor.

6) O último CD do The Fevers foi o "Ao Vivo", lançado pela Sony Music, e gravado durante a Turnê de Verão 2000. Fale pra gente um pouco sobre esse trabalho.

Foi um trabalho bastante árduo. Algumas faixas foram gravadas em apresentações que fizemos em Recife, outras em Fortaleza, cidades que ofereciam condições para a realização do trabalho e pelas quais temos um carinho muito especial. A participação do público foi fundamental para o sucesso do CD.

7) O ano está terminando e vocês já tem alguma coisa engatilhada para o ano que vem, principalmente no que diz respeito à criação de algum CD novo?

Como dissemos numa resposta acima, estamos lançando um novo trabalho que mistura músicas inéditas e algumas regravações selecionadas. Como o disco deve sair apenas durante o mes de novembro, práticamente todo o trabalho de divulgação será feito no decorrer do próximo ano. Assim, consideramos que é o nosso lançamento de 2004.

8) Na opinião da banda, qual o momento mais marcante que vocês vivenciaram juntos durante essa vasta carreira de conquistas e sucessos ?

Um dos momentos mais marcantes foi quando fomos premiados com o Disco de Platina em Portugal, referente a uma seleção de sucessos lançada por uma gravadora local em l998, e que nos rendeu esse premio em l999. Tivemos também boas vendagens nos Estados Unidos e no Canadá, em cidades que abrigam uma numerosa colonia de língua portuguesa e nas quais fizemos várias apresentações de sucesso.

9) Passa ano, muda ano e mesmo ocorrendo mudanças de integrantes vocês continuam com a mesma essência. Qual o segredo para manter essa hegemonia na música e serem considerados Os Reis dos Bailes ?

O importante é que, depois de várias mudanças, os que ficaram foram os que conservaram o amor pelo trabalho realizado durante tantos anos e que ainda sentem um enorme prazer em viajar grandes distancias para estar em contato direto com o público que sempre nos prestigiou.

10) Deixe um recado final para os milhares de fãs que vocês têm em todo país e para as pessoas que não acompanharam o auge da banda, durante a Jovem Guarda.

Para os fãs de todo o país, gostaríamos de expressar o nosso sincero agradecimento por tudo o que conseguimos em nossa carreira e dizer que ainda estamos em plena forma para ir ao encontro de voces, sempre que lembrarem de nós. Para os que não conheceram a época da Jovem Guarda, basta ir a um de nossos shows para ter uma idéia do porque de, até hoje, ser um dos movimentos musicais mais lembrados do país e atrair ainda um público tão grande. Conte sempre com a gente. Um grande abraço !

O vocalista Luiz Cláudio dando seu recado final!

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