ENTREVISTA ESPECIAL : Edu Krieger

Da Lapa para o estrelato

Cantor, compositor e instrumentista carioca muda o cenário musical através de um samba com identidade

Para quem reclamava da suposta ausência de bons compositores e da aparente falta criatividade na música recente feita no Brasil pode ir mudando de opinião. O cantor, compositor e instrumentista Edu Krieger parece que está revertendo esse quadro. Um dos principais nomes projetados no bairro da Lapa, Rio de Janeiro, Krieger desponta no cenário atual através de uma sonoridade leve e descontraída e tem muito a crescer e se firmar como um dos grandes expoentes do samba. As conquistas provam isso. Sua trajetória profissional ganhou impulso em 1998 quando foi vencedor do Prêmio Shell de melhor música com as composições da peça “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, sob direção de Antônio Abujamra. Ele também foi indicado na categoria “artista revelação” do prêmio Rival Petrobras de música de 2006, com seu primeiro CD autoral relacionado entre os dez melhores do ano pela crítica especializada do jornal “O Globo”. Além disso, em dezembro de 2007, a Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), uma das mais respeitadas e prestigiadas do país, lhe concedeu o prêmio de artista revelação do ano na categoria “música popular”.

Edu Krieger iniciou sua carreira musical aos sete anos de idade, cantando no Coro Infantil do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, sob regência de Elza Lakschevitz. Mas a música já corria nas veias. Ele é filho do grande compositor e maestro Edino Krieger. Seu trabalho de composição teve início no teatro, quando passou a criar trilhas sonoras para inúmeras montagens dirigidas por nomes como Tim Rescala e Pedro Paulo Rangel, entre outros. Como instrumentista, Edu Krieger acompanhou grandes nomes da MPB como Sivuca, Alceu Valença, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Nilze Carvalho e Fátima Guedes. Participou ainda de gravações em discos de Tânia Alves (“Todos os Forrós” – Abril Music), Zé Ramalho (“Nação Nordestina” e “Estação Brasil” – BMG), Renata Arruda (“Por Elas e Outras” – Sony) e grupo vocal Garganta Profunda (“Cantando a História” – independente).

Edu Krieger é autor de músicas gravadas por Maria Rita (“Ciranda do Mundo”, “Novo amor” e “Maria do Socorro”), Roberta Sá (“Novo Amor”), Pedro Luís e a Parede (“Ciranda do Mundo”), Ara Ketu (“Flor”), Falamansa (“Passarinho Cantador”, em parceria com Accioly Neto), Rastapé (“Vai me Dizer”), Trio Nordestino (“Amor de São João”) e Roberta de Recife (“Como Plural”, incluída na trilha sonora da novela “Porto dos Milagres”, da Rede Globo).   Além disso,  é profundo conhecedor de marchinhas de Carnaval. Só pra ter idéia, nesse ano ele conquistou o bicampeonato no Concurso Nacional de Marchinhas Carnavalescas da Fundição Progresso com a letra Nossa Fantasia. Em 2009, compôs com maestria Bendita Baderna.

Podemos dizer que Edu começou sua carreira solo tardiamente. Porém, está colhendo os frutos merecidos. O primeiro álbum, intitulado Edu Krieger, foi lançado em 2007 com uma grande sonoridade tendo, inclusive, várias de suas canções regravadas por outros artistas. Já em seu segundo álbum Correnteza, o músico mostrou mesmo que veio pra ficar. Trata-se de um trabalho que simboliza a metáfora de sua carreira. O compositor, cantor e instrumentista carioca vê sua trajetória desenrolar-se ao sabor das surpresas decorrentes de caminhos não planejados que percorre movido pela intuição. A exposição de seu trabalho promovida por cantoras como Maria Rita e Roberta Sá, a decisão de revelar sua voz de cantor e o encontro com mestres de outras gerações como Rildo Hora e João Donato são exemplos de ações dessa correnteza musical na qual é protagonista. Em seu segundo álbum, Krieger apresenta um repertório de canções compostas recentemente, fato que revela sua preocupação por oferecer ao público temas que reflitam seu atual momento.

Estivemos reunidos com Edu Krieger que tem muitos outros fatos para falar, inclusive a parceria, através de composições, com a cantora Ana Carolina e que promete ! Confira !

Site: http://www.edukrieger.com.br

Marcus Vinicius Jacobson

Reportagem

Entrevista publicada no dia 28/04/2011

1) Qual o balanço que você faz de sua carreira até aqui ?

O balanço é muito positivo, com resultados expressivos e ótimas perspectivas.

2) Você pintou de mansinho e rapidamente está se destacando na cena musical brasileira. Como se sente diante dessa responsabilidade de manter o sucesso?

Não trabalho pensando na manutenção do sucesso, até porque o sucesso é um conceito muito subjetivo. Se a Ivete Sangalo tocar no Maracanã para 10 mil pessoas, o show será considerado um fracasso. E se um quarteto de cordas fizer um concerto com lotação esgotada num teatro de 200 lugares, será um sucesso. Portanto, a única responsabilidade a qual me imponho é fazer um bom trabalho. Creio que esse seja o ponto de partida para qualquer profissional bem sucedido, em qualquer área.

3) Você já teve canções em peça de teatro e novela. Tudo caminha ao mesmo tempo?

Sim, sou adepto do “tudo ao mesmo tempo agora”. Meu grande estímulo é a criação.

4) Você sempre pensou em lançar seu primeiro disco por uma estrutura menor por considerar que não poderia se articular se fosse lançado por uma multinacional. Daqui pra frente você pretende manter essa posição ou se enveredar pelas grandes gravadoras?

Tudo depende do objetivo a ser alcançado e da reciprocidade na parceria. Hoje em dia as gravadoras multinacionais já não têm muito a oferecer ao artista, mas ainda podem ser parceiras de peso no mercado, pois ainda têm acesso a importantes veículos de divulgação. Num primeiro momento eu optei por lançar o CD de forma independente, porque eu não era interessante para as gravadoras, tampouco elas para mim. Mas hoje em dia, com a visibilidade que eu venho conquistando aos poucos, esse tipo de parceria já me parece mais viável.

5) Em falar nisso, como está sua relação com a Biscoito Fino, responsável por seus dois CDs na carreira ? A relação é boa e se resume ao trabalho de distribuição e divulgação dos meus dois CDs.

A Biscoito Fino tenta fazer o que pode nesse difícil e desgastado mercado fonográfico. Eu não sou de ficar cobrando nada de gravadora, procuro entender as limitações as quais elas têm que se submeter. Somos parceiros.

6) Fale pra gente um pouco mais sobre seu mais recente CD.

Meu CD mais recente é o “Correnteza”, que traz 12 composições próprias, algumas em parceria com nomes que eu admiro na minha geração (Marcelo Caldi, Zé Paulo Becker e Raphael Gemal) e tem participações especiais de grandes instrumentistas como Nicolas Krassik (violino), Rildo Hora (gaita) e João Donato (piano).

7) Você já ``trocou figurinhas`` com nomes como Geraldo Azevedo e Sivuca. O que representou isso pra sua carreira ?

São exemplos a serem seguidos. Artistas com décadas de estrada que sempre deram uma lição de como se deve conduzir e respeitar a carreira musical. O saudoso maestro e sanfoneiro Sivuca, cuja banda eu tive a honra de integrar por seis anos como baixista, foi uma verdadeira universidade para mim. E Geraldinho, que se tornou meu parceiro (compusemos juntos a canção “Temporais”, gravada em meu primeiro CD), é um gênio das melodias e harmonias. Sempre aprendi muito com ele.

8) Você está preparando para este ano um CD em parceria com a cantora Ana Carolina. Como será esse projeto ?

Na verdade não temos planos de lançar um CD juntos. Estamos compondo bastante em parceria e talvez algumas dessas músicas sejam lançadas em seu próximo CD de inéditas.

9) Quais seus próximos planos dentro da música ?

Continuar criando, compondo, seja para trilhas de teatro, cinema, para outros intérpretes ou para mim mesmo. A criação me move artisticamente.

10) Deixe um recado final pra todos os seus fãs espalhados pelo país afora.

Agradeço pelo apreço e carinho com que sempre fui tratado por vocês e espero sempre corresponder à altura com minhas canções.

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