ENTREVISTA ESPECIAL : Dominguinhos

Um sanfoneiro de muitas conquistas

Dominguinhos, Discípulo de Gonzagão, mostra através da carreira que ainda tem muito para acrescentar à música.

Considerado um dos melhores discípulos de Luiz Gonzaga, Dominguinhos é hoje o ícone do forró ou melhor o mestre do gênero nordestino. Sanfoneiro, compositor e cantor, esse pernambucano de Guaranhuns tem uma história de conquistas e sucesso na música brasileira. Ele gravou mais de 30 discos, compôs trilhas para cinema e já arrebatou vários prêmios Sharp. Canções como Tantas Palavras, com Chico Buarque, De Volta para o Aconchego (com Nando Cordel), gravada por Elba Ramalho e Isso Aqui Tá Bom Demais, além de Lamento Sertanejo e Abri a Porta, com Gilberto Gil e a clássica Só Quero Um Xodó foram e continuam sendo suas principais pérolas musicais.

Dominguinhos nasceu em em 1941 e é  filho de mestre Chicão, um famoso tocador e afinador de foles de oito baixos. Aos 6 anos, José Domingos de Moraes, ainda apelidado Nenê, tocava pandeiro no trio de irmãos Os Três Pingüins, ao lado de Moraes (sanfona) e Valdomiro (malê, uma espécie de zabumba). O grupo mirim exibia-se nas feiras e portas de hotéis de sua cidade, Garanhuns, quando foi ouvido por Luiz Gonzaga. O rei do baião, no auge, encantou-se com Dominguinhos (então com sete anos, em 1948) e prometeu apadrinhá-lo se ele viesse para o Rio de Janeiro. Ao chegar ao Rio, para onde sua família se mudou em 1954, Dominguinhos ganhou do Velho Lua uma sanfona, o apelido (Gonzagão achava que Neném, seu apelido de infância, não o levaria a lugar algum) e a oportunidade de acompanhá-lo em shows e gravações. Em seguida  formou com Miudinho e Borborema o Trio Nordestino.

No refluxo do baião, que saiu de moda em meados dos 60, Dominguinhos foi obrigado a aprender outros gêneros musicais para tocar em gafieiras, churrascarias e boates. A convite de Pedro Sertanejo, pai de Oswaldinho, gravou, em 1967, um disco destinado aos nordestinos que tentavam a sorte no Rio e em São Paulo.  Dois anos depois excursionou pelo Nordeste com Gonzagão, acumulando as funções de sanfoneiro e motorista. Nessas viagens conheceu Anastácia com quem formou uma dupla de grande sucesso. Pelas mãos de Guilherme Araújo começou a acompanhar Gal Costa e Gilberto Gil. Além de emprestar seu talento para quase todos os grandes nomes da música brasileira pelo mundo afora, Dominguinhos é um criador inventivo, talento provado em parcerias com Chico Buarque (Tantas Palavras) e Gil (Lamento Sertanejo).

Em sua longa discografia, ele compôs e gravou choros (Homenagem a Nazareth, Nosso Chorinho, Chorinho pra Guadalupe), além dos clássicos atemporais (A Maravilhosa Música Brasileira, 1982) e incontáveis temas para forró. Foi através de sua sanfona, aliás, que essa expressão antiga ganhou um conteúdo amplo e acabou trazendo a tona vários estilos nordestinos (xaxado, baião, coco, quadrilha, entre outros). Suas lembranças musicais mais antigas são as vozes e os sons de Luiz Gonzaga, Dalva de Oliveira, Sivuca, Altamiro Carrilho e Orlando Silveira.

Para abrilhantar sua vasta bagagem, Dominguinhos lançou pela primeira vez em 50 anos de carreira um disco todo gravado ao vivo. A gravação aconteceu em dois espetáculos que lotaram o concorrido teatro Sesc Pompéia, na capital paulista, que abriu suas portas para um público que gritava e aplaudia de forma extasiada. Sob a chancela da Velas , o CD Dominguinhos ao Vivo, traz a excelência do forró nacional em 25 músicas armazenadas em 16 faixas, contando inclusive com orquestra, trompete, trombone e  até mesmo violino.

Fizemos uma entrevista rapida com o Rei do Forró e abaixo estamos reproduzinho seu conteúdo. Confira !

Site: http://www.dominguinhos.com.br

Marcus Vinicius Jacobson

Reportagem

Entrevista publicada no dia 21/10/2009

1) Qual o balanço que você faz de toda sua vasta carreira até aqui ?

O melhor possível !

2) Qual a importância do mestre Luiz Gonzaga para sua vida musical ?

Total !

3) Gonzagão tinha vários afilhados, mas nomeou você como sucessor e único herdeiro musical. Como foi esse momento pra você?

Tinha apenas 16 anos, e foi uma surpresa extraordinária e nunca irei esquecer.


 

4) Nos anos 70 o acordeon foi reinserido na MPB e você fez parte disso. Como se sentiu diante desse feito ?

O acordeon foi inserido na música, desde que eu me conheço por gente.

5) Você é um dos principais responsáveis pela sobrevivência da música nordestina no país. Acredita que ainda exista algum tipo de preconceito com esse gênero ?

Tem mais não, já teve!

6) O que você achou dessa retomada do forró pé de serra no Centro-Sul nos últimos tempos com o sucesso do forró universitário feito por grupos como Falamansa, Rastapé, etc ?

Estou muito agradecido a esses jovens.

7) Você, como um dos principais representantes do movimento, considera que o forró continua sendo a voz oficial da música nordestina ?

A música nordestina é oficial!

 

8) Acaba de estrear nos cinemas o filme O Milagre de Santa Luzia que faz um mapeamento cultural das diferentes regiões do país onde a sanfona se estabeleceu. E você é a principal figura do filme devido a proximidade com Luiz Gonzaga e por ser o principal sanfoneiro vivo do país. O que tem a nos falar sobre esse lançamento e sua participação nesse projeto ?

Foi de uma riqueza só!

9) Quais seus próximos planos dentro da música ?

Tenho um DVD lançado feito em Pernambuco, tenho um outro DVD instrumental que sairá para esse ano.

10) Deixe um recado final pra todos os seus fãs espalhados pelo país a fora.

Desde já agradeço e quero dizer também que sem vocês não sou nada. Um forte abraço a todos !

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