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A fabricação
de bandas
pela mídia


Mercado passa por uma série crise de identidade ao presenciar a criação indireta de bandas pela mídia

(10/11/2008)

O cenário musical ultimamente anda enfrentando uma enorme crise. Mas se engana quem acha que estou me referindo à pirataria, ao jabá ou até mesmo essa crise internacional que está derrubando Bolsas, empresas e Bancos pelo mundo todo. A crise ao qual me refiro vai muito além disso. Trata-se de uma crise de identidade. Crise essa que nos traz à tona uma parcela de bandas e artistas que se prostituem musicalmente para ganhar dinheiro, pois talento é pouco diante do que é visto. Não é de hoje que assistimos a bandas “estourando” na mídia, vendendo milhões de cópias de discos e lotando shows. Mas se você parar pra pensar, já reparou que a maioria delas não possui uma identidade própria ? Pois é, muitas são cópias atualizadas de bandas que já fizeram sucesso no passado. Bandas criadas simplesmente com o intuito de dar um lucro temporário e que geralmente duram pouco e são esquecidas com o tempo.

Eu poderia, pra ficar mais abrangente, guiar esse tema pautando em cima de toda classe. Mas para ser mais correto e sucinto prefiro focar nas bandas, pois acredito que elas tenham um perfil mais adequado em relação a esse processo de fabricação imposta pela mídia. Não tenho dúvida em afirmar que você já deve ter se perguntando o porquê de tempos em tempos surgirem bandas formadas por um grupo de jovens cantores, com letras voltadas para esse tipo de público e que nascem com as mesmas características sonoras. Seria um modismo ou coincidência ? A verdade é que isso se transformou num ciclo, onde a mídia teve papel preponderante para se chegar a esse estágio atual.

Sendo bastante sincero acredito que tudo tenha começado na década de 80 com grupos expoentes daquela época como Menudos, New Kids On The Block, ABBA, só para citar alguns. A mídia, notando que essas bandas faziam sucesso, começou a fabricar, indiretamente, outras como o Backstreet Boys e N`Sync, que apesar de soarem mais modernos tinham a mesma proposta das outras: atrair milhares de jovens e dar um ``sustento`` maior as gravadoras.

Aí você pode me perguntar onde o Brasil entraria nessa. Bom, desde a época de 90 pra cá, muitos grupos se formaram, terminaram, voltaram, sumiram e por aí vai. Pra ser mais direto: a moda pegou aqui ! É bem verdade que cada caso é um caso e não podemos generalizar. Por isso, preferi me pautar, até pra não ficar anti-ético, nas bandas estrangeiras, pois com o mundo globalizado, tudo que acontece lá, tem algum impacto aqui. E na indústria fonográfica brasileira as coisas não foram diferentes.

Hoje em dia não vejo muito amor a música por parte desse grande mercado que se criou. Só pra você ter idéia da dimensão desse problema, basta ver o que acontece a partir do momento que todas essas bandas citadas saem da mídia. Há um esquecimento total ! Você não vê ninguém, por exemplo, comentando músicas dos Backstreet boys, N’Sync ou ainda New Kids On The Block. Já reparou que quando falam alguma coisa, é pra falar mal ? Pois é, ao longo do tempo a pessoa amadurece e descobre que essas bandas realmente não tinham muito a acrescentar musicalmente e só ouviam pelo simples fato de  não conhecerem nada melhor. Até porque a única coisa que chega aos nossos ouvidos é fornecida pela mídia. E aquilo que a mídia tocar, somos obrigados a ouvir e ``gostar``.

Outro detalhe importante é que as pessoas que escutam essas bandas gostam de renovação. E como essas bandas não conseguem se renovar, são substituidas por outras. Porém o que acaba mudando mesmo são a caras dos integrantes ou dos cantores. E as vozes é claro. Porque o estilo e as músicas são praticamente o mesmo, ou seja, não existe de fato uma renovação musical. E isso acaba se transformando num círculo vicioso. E depois ninguém sabe o motivo de tanta pirataria no Brasil e no mundo todo....E você, já tem a resposta ?


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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