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A verdadeira queda

dos CDs no Brasil


Relatório divulgado pela ABPD indica uma queda vertiginosa dos discos e nos dá a certeza do que deve ser feito pro futuro

(28/05/2008)

A indústria da música realmente está passando um momento difícil. A ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Discos) divulgou um balanço mês passado, na qual ficou evidente a queda no faturamento CDs e DVDs . As receitas com vendas desses produtos de música no Brasil caíram 31,2% em 2007, chegando a R$ 312,5 milhões. O resultado, quando comparado com o pico de vendas de 2000, é ainda pior. Naquele ano, a indústria brasileira do disco havia vendido R$ 891 milhões, quase três vezes o faturamento do ano passado. O relatório indica ainda um desinteresse crescente por CDs e, sobretudo, por álbuns novos. Só pra ter idéia o CD mais vendido de 2007 - Minha Benção, de padre Marcelo Rossi - foi editado em 2006, vendeu 867 mil cópias no ano de seu lançamento e, ao longo de 2007, emplacou mais 252 mil cópias, se sagrando o campeão do ano passado.

Agora um fato bem estranho que merece destaque nesses dados é que o CD MTV ao Vivo, lançado pelo grupo Jota Quest em 2003, aparece num honroso quinto lugar na lista dos vinte discos mais vendidos de 2007. Logo atrás, em sétimo lugar, vem o Acústico MTV do trio Kid Abelha, editado em 2002, e já na casa do 1,1 milhão de cópias. O que podemos dizer com isso é que um CD produzido e lançado há 5 anos conseguiu vender mais ano passado do que os recentes discos de Sandy e Júnior, Maria Rita e Vanessa da Mata, por exemplo. Lógicamente que essa vendagem alta tem haver com baixo preço do CD do grupo mineiro nas prateleiras das lojas (cerca de R$ 9,90). Porém, ficou claro que essa excelente posição do álbum no ranking indica que, pirataria à parte, os novos discos não estão transmitindo nenhuma motivação para os consumidores írem às compras.

A única boa notícia do ano passado ficou por conta do crescimento das vendas de música digital, pela internet e pelo celular. A venda de música digital aumentou 185%, chegando a R$ 24,3 milhões, o que representa 8% do mercado total. O celular responde por 76% do total, mas o avanço mais surpreendente foi o da comercialização de música pela internet, que passou de R$ 334 mil em 2006 para R$ 5,7 milhões, um aumento de 1.619% . As vendas para telefones celulares pularam de R$ 8,1 milhões para R$ 18,5 milhões (127%). O crescimento das vendas na rede nos mostra uma tendência animadora para o futuro e a certeza que a era digital, em breve, irá tomar conta do mercado e fará com que as lojas físicas sofram uma queda acentuada.

As gravadoras preferem, pra variar, culpar esses baixos índices de vendas devido à pirataria via internet através dos sistemas de troca de arquivo. Elas exigem que os provedores de acesso façam alguma coisa contra esse mal. Só que devemos lembrar que pelo conceito de neutralidade de rede, o provedor de acesso não pode interferir de maneira alguma no tipo de conteúdo que o usuário envia e recebe pela internet. Se acontecesse o que eles querem, o provedor teria que monitorar e identificar o conteúdo que o usuário recebe e envia. Isso é contra a lei.

Não é através desse objeto de censura que vamos acabar com a pirataria. Tem muita coisa aí que está errada. Ao meu ver, primeiro eles têm que ``arrumar a casa`` antes de quererem interferir na privacidade das pessoas. A verdade é que há muito tempo o preço dos Cds está um absurdo. Esse sim é um verdadeiro combustível para pirataria. A tendência é que a industria de CDs e DVDs caia cada vez mais aqui no Brasil, pois um lançamento custar cerca de R$ 30,00 , por exemplo, pode ser considerado um crime, já que nos EUA o mesmo é encontrado na casa dos $6,00.  É, meus amigos, a indústria do disco está morrendo graças a cegueira de seus executivos. E se continuar assim, a tecnologia digital é quem ditará as próximas ordens.


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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