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Optando pelo estrangeiro


Artistas tentam dar uma sacudida no mercado que anda mal das pernas a cada dia
(23/11/2005)

Que a indústria da música brasileira não anda bem das pernas, isso todo mundo sabe. Mas será que a saída para isso é optar pelas regravações nacionais ou internacionais? O caminho é perigoso, mas Paulo Ricardo e Zizi Possi estão apostando todas as fichas nisso. Depois de um CD não muito bem sucedido de seu último grupo, PR5, o ex-líder do RPM tenta nova investida no mercado fonográfico cantando em inglês. Ele lança ainda este ano, pela EMI, o CD Acoustic Live. Quase que simultaneamente chega às lojas também o CD /DVD de Zizi Possi onde ela regrava somente músicas compostas em inglês. Em Pra Inglês Ver e Ouvir a cantora apresenta um repetório de canções inglesas de todos os tempos, como Old Feeling, Redemption Song, Moon River, Fly me to the Moon e Ruby. Interpretações de genialidades como Gershwin, Cole Porter, Bob Marley, Rod Stewart, Morris Chappell e Paul McCartney, completam o trabalho.

Não quero analisar aqui o trabalho individual de cada um, até porque Paulo Ricardo e Zizi Possi não precisam provar mais nada a ninguém, já que são ícones dos gêneros que representam. A minha preocupação é de que esse tipo de trabalho crie raízes e possa despertar a atenção de outros artistas do meio. E se esse negócio proliferar, o nosso produto vai ficar cada vez mais desvalorizado. Vale lembrar que no momento já existem muitos artistas regravando músicas de outras épocas, o que faz com que não haja inovações no mercado. E nesse atual momento o mercado precisa de uma sacudida que faça balançar todas as estruturas. Optar por músicas em inglês é praticamente atingir apenas um determinado tipo de público. Pode ser até que eu esteja queimando minha língua, mas não sei se esse é o melhor caminho para driblar essa crise que se atenua a cada dia.

É preciso dar chances a novos artistas, dar oportunidades para aqueles que utilizam a música não só como um comércio, mas sim como uma arte de vida, de prazer. Nós todos que vivemos nesse meio sabemos que existem muitos talentos perdidos e esquecidos. A hora da ``balançada`` é essa. Ficar como está é que não pode mais acontecer. Todos já estão cansados de ouvir as mesmas coisas, de presenciar o mesmo comércio, de escutar sobre jabás. Os exemplos estão aí. Bastou pintar novos programas, novas oportunidades, que começamos a escutar novas vozes no mercado. Os exemplos mais recentes são Ivo Pessoa e Cídia & Dan. Novos talentos que mal entraram no mercado já emplacaram músicas nas principais emissoras do país.

E eu não tenho dúvida em afirmar que se derem mais oportunidades, cada vez mais jovens talentos estarão abrilhantando o meio musical. O mercado precisa de uma nova estrutura, mas uma estrutura com gente nova, disposta a enriquecer mais esse cenário e trazendo, com isso, novas opções de leituras musicais. A saída está aí sim, pois do jeito que está não dá pra continuar. Agora, esses que estão entrando não podem se enveredar pelo lado comercial, senão tudo continua a mesma coisa. Acho que todos que lerem essa coluna vão concordar comigo em gênero, número e grau. Caros leitores, como dizia aquele folclórico personagem global, ``Tô certo ou tô errado??``


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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