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A crise da
indústria da música


Mercado fonográfico começa, cada vez mais, a dar sinais de preocupação sobre o futuro

(13/10/2005)

Abro a coluna dessa mês com um assunto já batido, mas que é a grande assombração do cenário musical: a grave crise do mercado fonográfico. O assunto me despertou atenção depois que li a coluna do colega Mauro Ferreira de O Dia com todos os detalhes assustadores. Só pra ter idéia, segundo relatório divulgado pela Associação Brasileira de Produtores de Discos (a ABPD, formada pelas gravadoras multinacionais), houve no primeiro semestre de 2005 queda de 19,4% nas vendas de CDs e DVDs em relação ao mesmo período de 2004. O faturamento também caiu 12,9%. Presidentes e diretores das principais companhias preferem culpar a pirataria de CDs nos camelôs e a onda crescente de downloads ilegais na internet - um tipo de pirataria mais invisível, mas nem por isso menos corrosiva. Será que a maior vilã é a pirataria mesmo???

Bom, é notório que a pirataria agrava a crise. Mas descarregar toda fúria em cima dela é no mínimo botar panos quentes na situação e não admitir que a indústria da música está cada vez mais patética. Já abordei amplamente esse tema aqui e volto a dizer que os preços dos CDs estão muito altos para os padrões do povo. Isso sem falar que, em vez de apostar corajosamente em repertório inédito e em artistas novos (a independente Deckdisc, por exemplo, investiu em Pitty e colhe os frutos desse bem-sucedido investimento), preferem optar pela mesmice ou as regravações. Concordo também que o DVD, que até então era o ``salvador da pátria`` começa também a dar lentos sinais de desgaste, pois a indústria coloca nas lojas títulos muitas vezes dispensáveis e repetitivos, o que torna o formato sem muito valor.

Outros dados expostos na reportagem vem comprovar o que estamos dizendo. No Brasil, os sertanejos - como Bruno & Marrone e Leonardo - lideraram a lista de CDs mais vendidos, ao lado de Ivete Sangalo, uma das campeãs de 2004 por conta de seu CD e DVD MTV ao Vivo. São indícios claros de que - Maria Rita à parte - a tradicional MPB já tem vendas e atenções reduzidas por parte de um público de perfil majoritariamente jovem e que usa a internet para baixar seus discos preferidos em vez de pagar mais de R$ 30 por um CD nas lojas. Por isso, discos de bandas como Los Hermanos e Titãs não vendem na proporção em que são ouvidos.

Acho que todos tem uma parcela de culpa nesse assunto. A única parte que não pode ser culpada é o consumidor, pois ele tem o direito de escolher se prefere comprar por um preço muito mais em conta no camelô ou obter de graça na grande rede. A situação econômica do país não está fácil. Portanto, todos esses fatores influem negativamente na venda de CDs. As Gravadoras tem uma parcela de culpa considerável, mas devemos nos atentar que o formato do CD, hoje em dia, está totalmente desgastado. É preciso criar coisas novas senão salve-se quem puder...


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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