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A vez dos artistas esquecidos


Grandes ícones da música perdem espaço na mídia para os chamados ``pré-fabricados``.

(09/09/2005)

O assunto que vamos abordar na coluna desse mês é polêmico, um pouco batido, mas que merece ter uma atenção toda especial: a falta de espaço aos artistas que marcaram épocas. Tive a idéia de escrever esse texto durante a entrevista que fiz há cerca de 2 meses com o talentoso Luiz Ayrão, que marcou época na Jovem Guarda e éi autor de sucessos inesquecíveis como Ciúme de Você, O Lencinho, Porta Aberta e muito mais. Ayrão é, inclusive, o compositor de Os Amantes que, interpretada pelo sertanejo Daniel, alcançou as paradas de todo o Brasil, sendo também tema da novela global América. O descontentamento dele com a mídia é visível, pois a cada dia que passa ouvimos e vemos produtos e não músicas de verdade. E ele está coberto de razão, pois atualmente  qualquer um é cantor, modelo ou ator tamanha é a facilidade com que os negócios são conduzidos.

As pessoas acordam numa determinada manhã e decidem rápido: “Vou gravar um disco, vou virar cantor!” ou melhor: “Descobri que eu tenho talento! Vou ficar rico fazendo música e cantando!”. É meus caros amigos, a coisa está nesse nível mesmo. A indústria da música está movimentando milhões e milhões por ano e a coisa tá tão fácil que se você fizer uma canção com ``interesses comerciais``, não tenha dúvida que será um pulo pra cair na boca da galera, pois o resto deixa que a mídia te transforma num ídolo.

Eu não estou querendo dizer com isso que as pessoas não tem talento ou não deveriam fazer tal ato. Ao meu ver se quer gravar um disco vai à luta e mãos à obra. Tem um milhão de chances para dar certo, porque se ele não tem queda para o negócio, as dezenas de pessoas que necessariamente vão entrar no processo da sua caminhada para o estrelato, também não têm. Não têm feeling, discernimento, interesse e nem conhecimento para promover e perceber um verdadeiro talento. Até porque, atualmente, existem muitos artistas pré-fabricados, na qual um empurrãozinho já põe ele na crista da onda, mesmo que esse não possua um valor a nível de Chico Buarque ou Caetano Veloso.

O talento muitas vezes é confundindo hoje em dia. A arte, a boa novidade, a beleza da letra e da melodia, a performance no palco, o timbre agradável da voz e sua afinação, a emoção que arrepia e que faz o disco sair das lojas, vão para último plano. Todos se misturam e o negócio é aparecer seja da maneira mais inusitada possível. Isso é fazer sucesso minha gente? Isso merece destaque no cenário musical ? O que é isso? Modismo? Será? Será?

Bom acho que a mídia está na hora de se conscientizar e fazer chegar aos ouvidos do grande público ouvinte músicas que realmente acrescentem algo. Esse é o momento certo para trazer os artistas esquecidos de volta às origens. Muitos continuam na ativa, fazendo shows, com agendas lotadas e muitos outros convites. Só que para serem lembrados hoje em dia é necessário algum ``novo ícone`` dar uma nova roupagem a alguma de suas composições para que o nome desse artista fique na berlinda. Mas até quando ? Talento não se discute, se valoriza !


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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