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O feômeno das micaretas


Os carnavais fora de época crescem cada vez mais e ganham muitos adeptos minuto a minuto

(17/05/2005)

Estamos nas épocas das micaretas e nada melhor do que falar sobre elas que arrastam multidões. Algumas já aconteceram. Outras ainda estão por vir. Mas o que importa é que pode passar o tempo que for que em nenhum momento elas perdem o encanto. Cada vez mais o número de admiradores dessas festas baianas triplica ano a ano e esse fenômeno é a prova mais do que concreta de que a axé music está mais viva do que nunca. O que ocorre é que muitos grupos ou artistas tentam pegar carona no sucesso das bandas mais antigas ou dos ícones da música baiana e acabam por descaracterizar o movimento. Mas acredito que a Axé Music é mais forte do que tudo isso.

Eu mesmo já meti pau nesse gênero, porém, hoje mais amadurecido, posso garantir que tem muito mais coisa positiva do que negativa nesse meio. Eu nunca fui fã da música baiana, mas nem por isso vou criticar o movimento. Sou um jornalista imparcial, e como todo jornalista devemos ser leais ao que escrevemos. Acontece que de uns tempos pra cá, muitas bandas achavam que da Axé Music poderiam vir sua fonte de riqueza e como a mídia hoje em dia não está rígida, chegam aos nossos ouvidos um bando de músicas com refrões chulos e sem graça que acabaram virando moda e manchando um pouco a imagem do movimento. Mas existe sempre aquela velha frase: nunca diga se uma coisa é ruim se você não provou, não é mesmo? Pois bem, fui a luta e comecei de uns tempos pra cá a frequentar micaretas para poder chegar a alguma conclusão. E cheguei a duas delas. A primeira é de que ali está a nata da música baiana e a segunda é que o gênero tem muito pra contribuir para a cultura de nosso país.

Vale lembrar que a primeira Micareta do Brasil se originou em Feira de Santana, no ano de 1937. A festa foi criada por um grupo de feirenses, inconformados pela não realização do Carnaval, motivada pelas fortes chuvas. O nome do Carnaval temporão, fora de época, é derivado de uma festa francesa, Mi-carême. Em dois anos, ela não foi realizada, nas décadas de 40, pela Segunda Guerra Mundial, e 60, pela Revolução. A festa é, sem dúvida, uma das maiores manifestações populares do interior da Bahia e do Nordeste. Desde os anos 90 que a Micareta está implantada em várias capitais e cidades brasileiras, a partir do sucesso de sua realização em Feira de Santana, foco irradiador do evento. São Micaretas por quase todo e quem ganha com isso são os micareteiros de plantão que guardam seu ganha pão suado do dia a dia para investir pesado nesses eventos contagiantes.

Artistas e bandas como Chiclete com Banana, Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Asa de Águia, Araketu - só pra citar alguns - são os grandes representantes desse movimento.  Não tenha dúvida que as micaretas hoje em dia movimentam milhões de reais e a tendência é aumentar ainda mais, visto o crescimento maciço dos adeptos pelos Carnavais fora de época. O ponto negativo desses eventos, além do preço salgado, são as muitas brigas que ocorrem devido alguns indivíduos que comparecem só para criar confusão. Isso sem falar que as bebidas alcóolicas alimentam ainda mais para o surgimento desses problemas. Mas até então, isso depende do caráter de cada um, pois os civilizados vão lá para se divertir e ser feliz (leia-se beijar muito na boca). O fato é que, pra marinheiro de primeira viagem como eu que conheci esses eventos através do Cerveja e Cia, realizado em abril no Riocentro, posso dizer que gostei muito dessa sensação inicial e vou repetir a dose na primeira boa micareta que acontecer no Rio. Será que eu, que não era muito fã da Axé Music, virei micareteiro ? Tempos modernos esses....


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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