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Uma longa jornada pelo espaço


Novos talentos da música sofrem a procura de um lugar ao sol nesse mercado concorriso e desleal

(04/04/2005)

Diariamente recebo e-mails de centenas de novos artistas e bandas pedindo uma oportunidade para mostrarem seu respectivo valor dentro desse mercado cada vez mais concorrido. A maioria reclama dos obstáculos aos quais são submetidos e da falta de interesse das gravadoras em ouvir o trabalho autoral. É meus amigos, a crise está braba mesmo e quem não tiver um mínimo de conhecimento (leia-se influência) na mídia ou nesse ramo, sinceramente vai ter que depender das forças divinas para conseguir o verdadeiro reconhecimento. É lamentável que isso aconteça, pois eu recebo vários Cds demos desses jovens artistas e posso dizer que muitos poderiam estar perfeitamente figurando no atual cenário e com total supremacia. Vejo e ouço algumas músicas e cantores que não devem nada aos que estão na estrada a mais tempo. Na coluna de hoje tentarei mapear toda essa situação que está acontecendo e apontar algumas alternativas para vocês, músicos iniciantes, que sonham em viver e ganhar a vida fazendo aquilo que gostam: cantar.

Bom, pra começar, o que posso dizer pela minha experiência de músico e profissional de mercado, é que vocês, que estão iniciando agora, não podem desanimar jamais. Mesmo que todas as portas estejam fechadas temporariamente e recebam muitos ``Não`, lembrem--se que o mundo dá voltas e se estão por baixo hoje, amanhã podem estar por cima. Acreditar no potencial de cada um é o fator chave pra encarar essa situação de perto. Até porque se um dia bater aquele desânimo de ver um artista aparentemente fraco na mídia com toda veiculação possível, saibam que aquilo não condiz com a realidade e que tem cheirinho de jabá no ar. O jabá impulsiona praticamente 70% a 80% desse mercado. Sem ele fica difícil caminhar com as próprias pernas. Mas eu costumo dizer que quem decide é o público. Se público gostar e venerar o trabalho de vocês, não tenha dúvida de que as Rádios e Gravadoras terão que correr atrás e abrir a porta pra esses artistas que até então não tinham oportunidades.

Ai você pode me fazer uma pergunta: mas como o público vai poder analisar nosso trabalho se uma veiculação numa rádio é tudo ? Ora, no cenário atual dá pra se perceber muitas bandas que tiveram as portas fechadas na cara centenas de vezes e começaram a fazer trabalhos independentes nos principais eixos do país. A saída foi procurar gravadoras consideradas pequenas pra que fizessem esse trabalho se tornar mais vistoso. Um exemplo mais recente foi a própria Pitty que era uma cantora atuante no cenário underground de Salvador. Suas músicas jamais despertaram interesse das grandes rádios. E agora ela é sucesso em todo lugar. Precisou mudar alguma coisa? Se vender pras gravadoras? Não ! Ela continua sendo a mesma guerreira de sempre. Na entrevista que fiz com ela ano passado, Pitty, logo de cara, dá uma dica de como encarar essa situação de frente, sem esmorecer. Segundo a roqueira, ela vivia de saco cheio dessa história de ter que ser de determinado jeito senão é taxado de anormal. De ter que usar a cor da moda, e de ter que fazer o que a mídia te impõe. Ela quis sempre ter a liberdade de se assumir do jeito que é, mesmo sendo imperfeita, passível de falhas, ou seja humana.

E ela está corretíssima quando diz isso. Vocês que estão começando agora se espelhem nesse exemplo e saibam que na vida nada acontece por acaso. Se você tá desanimado (a), com vontade de encerrar o projeto que tem em mente e descontente com o número de ``Nãos`` que tem aparecido na sua frente, lute, encare isso com naturalidade e saiba que o cara lá de cima tá observando tudo e vai ajudar a quem merece. A dica é ter paciência, obstinação, coragem, fidelidade às suas músicas, à sua origem, tentar divulgar o maior número de vezes o trabalho nos principais eixos do país e encher o saco mesmo de rádios, jornais, revistas, emissoras de TV, programas televisivos, através de e-mails, cartas e malas-direta, pois uma hora eles vão ceder. Siga o meu lema, pois quando eu quero alguma coisa eu vou atrás, mesmo que tudo indica que fracassarei. Desistir da luta, jamais !


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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