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Uma nova roupagem para o Rock


Grupos de pagode, axé e forró criam versões populares para o gênero e sucitam polêmicas

(01/06/2004)

Começo a coluna de hoje com um tema que pode vir a gerar polêmicas futuras: o ar popular que os grupos de pagode, axé e forró estão dando à músicas de Barão Vermelho, Legião Urbana e outros. Até então, pelo menos que eu me lembre, esse processo não era estabelecido por esses grupos mais populares que preferiam regravar gêneros como Bossa Nova, MPB ou canções da Jovem Guarda. Mas os tempos são outros e hoje já é possivel, por exemplo, notar um cavaquinho e um pandeiro no arranjo de Por você, sucesso antigo de Frejat e Cia. Não que tenha ficado ruim. Muito pelo contrário. Mas acho que essas regravações podem causar uma certa acomodação por parte dos grupos, que ao priorizarem essas músicas, e ao terem uma resposta positiva por parte do público e mídia, deixam de lado outros bons compositores do gênero. Isso sem falar que o perigo está se virar moda, pois aí vai ser o samba do criolo doido na música popular brasileira.

Mas temos que ressaltar que essas regravações ficaram muito boas da maneira que foram produzidas e interpretadas. Algumas, como a do próprio Sorriso Maroto merece todo nosso respeito, pois mostrou um rock virar um autêntico pagode sem desvalorizar a harmonia. Só que os grupos que resolverem dar um ar mais popular a essas canções de rock deveriam tomar muito cuidado pra não cair na rotina e pra roupagem dada a essas músicas não perderem o seu valor. Até porque quando se faz uma outra versão sobre algum sucesso antigo é necessário que a música não perca sua harmonia e que contenha a mesma essência inicial, ou seja, que não sejam apenas mais uma regravação, mas sim uma versão moderna e que acrescente algo ao mercado.

Estamos cansados já com a pobreza musical e por isso temos que dar mais valor aos excelentes compositores que temos por aí, mas andam esquecidos. Está na hora do mercado se reciclar e apostar nessas promessas da música popular brasileira. Ainda mais nesse momento, na qual o mercado está afetado por cerca de 70% da pirataria e a indústria fonográfica passa por uma grave crise financeira. Mas continuo a frizar que as regravações, quando feitas com um intuito de acrescentar e modificar um pouco a rotina do meio musical, é válida e sadia. Só não pode virar uma febre, já que a consequência imediata é a acomodação e a pouca falta de criatividade.

Torço pra que os grupos de rock tentem fazer regravações de outros gêneros com a mesma eficácia com que os grupos de pagode, axé, e forró estão conseguindo transformar um som pesado em popular. Os Raimundos, quando estavam ainda reunidos, conseguiram, por exemplo, esse feito com uma canção do romântico Fábio Jr, intitulada 20 e poucos anos. A versão ficou muito boa e rendeu críticas positivas no mercado. Está na hora de outras bandas tentarem o mesmo, mas por favor, que seja feita sem descaracterizar o rock que merece todo nosso respeito. Afinal, é a bandeira do rock nacional que está em jogo!


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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