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MPB: Cultura ou Entretenimento ?


Mercado, cercado por músicas descartáveis, abre discussão sobre o gênero

(01/09/2003)

Diariamente muitos e-mails chegam à minha caixa postal com dúvidas sobre como podemos rotular a música popular brasileira hoje em dia. Uns acham que é Cultura. Outros dizem que não passa de puro entretenimento. E você aí, arrisca alguma coisa? Bom, pretendo acabar de vez com essa dúvida cruel e tentar traçar aqui um paralelo, na qual possamos achar uma definição concreta para ambos os termos. A única coisa que temos a absoluta certeza é de que, se há essa dúvida hoje em dia, o grande responsável por isso é esse mercado musical cada vez mais composto por músicas descartáveis, descaracterizando diretamente a MPB.

Antes de escrever essa coluna fiz questão de ir ao Aurélio, que desde criança conheço como o ``Pai dos Burros`` para encontrar a definição correta de ambos os termos, até porque para entrar nessa discussão precisamos saber fielmente o que estamos falando. No Aurélio, Cultura é a parte ou o aspecto da vida coletiva, relacionados à produção e transmissão de conhecimentos, à criação intelectual e artística, etc e Entretenimento é aquilo que entretém; divertimento, distração. Eu como músico acredito que a música popular brasileira é arte, se pensarmos pelo coração, mas se formos pensar pela razão, nesse mundo moderno, podemos dizer que é entretenimento também, pois a música virou comercial hoje em dia.

E aí, voce vira pra mim e pergunta: e a música, transmite conhecimento ou só distrai ? Acho que está claro que, algumas músicas, transmitem muito conhecimento, não só histórico e social como comportamental, mas também divertem. Um exemplo? Tarde em Itapuã, de Vinícius de Moraes, é cultura mas diverte os amantes da bossa nova. Twist and Shout, dos Beatles, é super cult mas a letra é puro divertimento. Pais e Filhos, do Legião Urbana, é extremamente cultural e artística, mas diverte qualquer roda de violão.

A conclusão que chego é que música sempre seja cultura, mas com uma roupagem de entretenimento. Até porque quando se faz uma música comercial, prontinha para estourar como o ``novo brinquedo``, ela não tem valor cultural. Não fica na memória, na história, na ala da cultura, pois é um produto descartável. Ao passo que músicas de Caetano Veloso, Roberto Carlos, Chico Buarque, entre outros representantes da MPB, sempre serão referência no gênero. O que acontece é que temos que admitir que, com esse mercado escasso que temos aí, as músicas feitas com poesia e coração estão perdendo espaço para versos eróticos e sem profundidade. É por essas e outras que vocês ficam nessa dúvida se a MPB é cultura ou entretenimento. Viu, o que dá fazer música descartável ?!


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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