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Música: um caminho para jovens carentes


Crianças carentes buscam na música saída para a crise


(20/08/2003)

Abro essa coluna de hoje para falar de um projeto que todos deveriam tomar como exemplo e torná-lo cada vez mais difundindo dentro da sociedade e que está ajudando crianças carentes a serem pessoas honestas no dia-a-dia. O Vagando em Versos já é uma realidade e se cada um de nós contribuir de alguma forma, tem tudo para ser uma referência em termos de Música e Cidadania. Trata-se de uma banda criada no LAR DONA COTINHA, localizado na Mooca, zona leste de São Paulo, com o objetivo de auxiliar na educação de jovens carentes, que estão buscando na música um caminho para fugir das drogas e da marginalidade social a eles impostas. O projeto já tem 6 anos e precisa de uma força extra para driblar todas as dificuldades e transformar a vida dessas crianças por completo.

O Lar Dona Cotinha é uma Entidade filantrópica, sem fins lucrativos, fundada em 22 de maio de 1992. Atende atualmente 50 crianças/adolescentes de ambos os sexos de 0 a 18 anos,  abandonadas, ou cujos pais foram destituídos do poder familiar.Ao atingir a idade de 18 anos essas pessoas são obrigadas a deixar o abrigo e muitos não têm para onde ir e sequer um emprego em vista. Para a criança não crescer despreparada a instituição oferece diversos cursos, dá orientação pedagógica e realiza eventos culturais para arrecadar dinheiro para os internos. Muitas vezes o problema de uma criança ou adolescente assistido pelo Lar Dona Cotinha se encontra na família, por isso há também cursos de padeiro e cesta básica para os pais. Essas crianças chegam até lá por diversas formas, ou são recolhidas nas ruas ou enviadas por Conselhos Tutelares.


Um dos voluntários dessa instituição é Agnaldo Silva, um apaixonado pela música que incentivou a meninada a extrair som dos mais diversos objetos. Foi então que surgiu o Conjunto Vagando em Versos (CVV), que já compôs diversas melodias como, por exemplo, a Blackgenação, mistura de black com miscigenação, onde basicamente traduz a falta de boas composições como as de Sandra de Sá e Tony Tornado. Homenageia também o único sobrevivente de um black power esplendoroso e muito branco pelo tempo, como a cabeleira famosa de Bira do Sexteto do Jô.

O Objetivo Maior deste projeto e de muitos outros que poderão criar, em breve, é incentivar a criatividade dentro de toda criança que eles têm contato. Dar ela elas condições para poder mostrar grandes obras. E isso só está sendo possível graças ao Vagando em Versos que é o carro-chefe da Instituição. O grupo espera que através das musicas, das apresentações e do humilde CD que tentam divulgar, possa concretizar projetos que hoje são inviáveis pela falta de dinheiro e material, como instrumentos musicais, apostilas, professores, aparelhos de som, etc.  Vale lembrar que a idéia de trabalhar com a música dentro da Instituição partiu da Dona Mara a Fundadora do Lar Dona Cotinha. Ela já conhecia Agnaldo e via que algumas crianças ali gostavam de musica e que poderiam ser aproveitadas.  De uma rodinha de Samba a mais de 6 anos saiu a originalidade do Vagando. Uns já saíram do Grupo mas quem ficou acredita neste trabalho.

Como qualquer outro projeto a maior dificuldade que eles encontram é o dinheiro, mas sabem, de antemão, que a realidade do Brasil esta muito complicada, então o que pretendem hoje é ter um Estúdio para poder gravar e assim correr atrás de quem possa imprimir, ouvir, se interessar, enfim,  ter boa vontade para ganhar dinheiro pois a finalidade é lançar é uma grande novidade no mercado. Só pra ter idéia, se já sem muitas condições, o grupo já é aplicado, imagina com um pouco mais, não é mesmo? E é aí que essa ajuda exterior é encessária nesse momento. Está em jogo o futuro de jovens promissores que tentam, através da música, levar uma vida digna, livre da criminalidade que assola o país.

Agnaldo, inclusive tem outros projetos em mente, mas que por falta de condições financeiras, ainda não podem ser viabilizados. Segundo ele, uma idéia seria a criação do Primeiro Festival de Musica para Instituições Carentes. Só poderiam participar grupos que viessem das Instituições e assim poder gravar uma coletânea dos melhores e ajudar as mesmas com a vendagem dos CDS. Projetos como esse necessitam de investimentos e boas condições materiais. Por enquanto a ajuda que o Lar Dona Cotinha recebe é na sua maioria de contribuições de pessoas que conhecem a Instituição, através de festas, mas algumas empresas colaboram também como a Cosmotec, Transprev, Usui Máquinas, ABAS, Abrink e outros. Mas infelizmente a falta de falta de Incentivo do poder público e a Exigência dos Financiadores são os maiores obstáculos que enfrentam. Está na hora de acordarmos para a realidade, pois o futuro dessas crianças está em nossas mãos.

Quer conhecer mais? Acesse http://www.vagandoemversos.hpg.com.br


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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