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Brigar pra quê ?


Bandas brigam entre si e mostram que nem tudo são flores na classe artística

(01/06/2003)

A briga entre os integrantes do LS Jack e do Art Popular mostrou mais uma vez que a classe artística não está unida como parece. Foi uma vergonha cultural acima de tudo. E pode ter desencadeado também muitos efeitos negativos para as duas bandas, para o público e para os gêneros envolvidos, o rock e o pagode. Para quem não entendeu nada até agora irei resumir como rolou esse verdadeiro barraco musical. Bom, tudo começou assim que o vocalista do Art Popular, Leandro Lehart, conversava com outros integrantes do grupo sobre o alto preço dos discos de alguns artistas quando a empresária do LS Jack entendeu que ele estava falando mal da banda. Revoltados com a descoberta, os roqueiros foram em direção aos pagodeiros para tirar satisfações e a partir daí a discussão virou uma pancadaria generalizada com insultos e agressões.

Sinceramente não vou defender ninguém aqui, até porque eu não estava lá para saber o que de fato aconteceu e não tenho procuração de nenhuma das partes. Estou simplesmente me baseando nas versões contadas por ambas as bandas e pela polícia que está averiguando o caso a fim de punir os infratores. Só depois disso, poderemos ter uma visão mais completada e justa da situação. Mas pra efeito de conversa, uma briga, por qualquer que seja , não leva a nada. Ainda mais num momento como esse em que a população e os artistas estão engajados numa corrente contra a violência. Esse mau exemplo pode custar caro não só aos brigões, mas também ao movimento pela Paz, pois o exemplo tem que vir de cima, né?

Outro aspecto negativo dessa briga está relacionado a richa entre o rock e o pagode. Todos sabem que ambos os públicos não se bicam e o que foi dito caiu mal pra imagem desses dois gêneros, pois as bandas que nada tem haver com esse incidente acabam se queimando junto. E pra piorar tenho que admitir que mesmo sendo da imprensa a maioria dos títulos das matérias queria pôr lenha na fogueira. Coisas do tipo Rock X Pagode eram manchetes nos principais jornais e Tvs do país. A galera queria ver quer mesmo era o circo pegar fogo. E isso pode agravar mais a violência entre os dois públicos.

Uma outra coisa chata ventilada no meio dessa briga foi associar o pagode aos negros e o rock aos usuários de drogas. Gente, não tem nada haver! Todo mundo sabe que o pagode é um estilo musical que atrai muito as pessoas de cor negra, mas existem muitos brancos também no meio, inclusive entre as próprias bandas. Da mesma forma, nem todo rockeiro é usuário de droga. Não é porque muitos e famosos rockeiros foram usuários de drogas, outros morreram de overdose, outros morreram, de uma forma ou de outra, por conseqüência do uso de drogas, que todos serão iguais. É preciso ter muito cuidado antes de inciar uma discussão sobre esse tema, pois não estamos de brincadeira.

É caros amigos, como se já não bastasse a violência que há no nosso querido Brasil, ainda vem mais essa. Temos que acabar com essas brigas tolas. Nós somos um país eclético onde tem espaço para todos os tipos de música. O estranho foi essa briga ter ocorrido justamente quando ambas as bandas estão lançando seus mais novos respectivos trabalhos na praça e necessitam de divulgação. Lógico que isso dá margem para as pessoas maldosas ficarem especulando sobre essa associação. Coincidências existem, não é? Então vamos deixar rolar, pois somente a Polícia pode dar um ponto final nessa discussão, punindo os agressores. Até porque as bandas precisam saber que não adianta um querer ser melhor que o outro, porque como diz aquele velho ditado: "No fim do Jogo, Rei e Peão voltam para a mesma caixa".


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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