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O artista como
um produto


Hoje em dia o artista é tratado como um produto no meio musical brasileiro

(30/10/2002)

Vocês já pararam pra pensar que cada um dos novos artistas que surgem ou até mesmo os que já estão aí há bastante tempo são tratados como simples mercadorias ? Se você não percebeu ou é porque está querendo fazer vistas grossas ou é um músico de porta de botequim, pois somos todos produtos de um monopólio assustador, onde os empresários enchem o bolso com dinheiro e nós, que somos os responsáveis pelo sucesso, temos que engolir a seco e aceitar certas coisas passivamente. Por mais que tenha artista já rico por aí, lembre-se que isso é apenas uma ponta do iceberg. Eles poderiam estar numa situação muito mais tranquila, se dependessem única e exclusivamente de suas próprias pernas e não precisassem recorrer a certos aproveitadores de plantão.

Existem elementos suficientes pra provar isso que estou dizendo. Artistas com Cds na praça, para se chegar ao estrelato, por mais que tenham talento e veia de compositor, precisam passar, primeiramente, pelo monopólio das comunicações para aí sim se dar bem na vida. Algo em que, sem o jabá , ele não é nada. A partir daí o artista é tratado como um produto. Produto este que é moldado por qualidades induzidas pelo comunicador devido as ``trocas de gentilezas oferecidas pelo jabá``. A pessoa chega sem o menor mérito de respaldo popular, e de repente: "E, agora, em terceiro lugar...". E o cara mal começou, lançou o disco e já está em terceiro lugar. E é aí que vem a cara de pau: "Puxa, mas esse cara é fera...". E esse cara está simplesmente sendo subsidiado de uma maneira ilícita. Está sendo tratado como uma mercadoria comum e sem perspectivas. Por isso que dizemos na coluna passada, que muitos desses novos artistas, que estouram depressa, são produtos descartáveis.

Infelizmente os artistas ficam a mercê dos poderosos, pois sem a ``forcinha`` deles, figurar entre as 10 mais tocadas da rádio tal, cantar no Faustão e no Gugu e ser tratado como um mega-star, isso não seria possível. Outra razão para serem taxados como produtos, se refere ao fato do artista não ter um controle do que ele vende. Ele é obrigado a aceitar o demonstrativo de royalties trimestral que é enviado pelas gravadoras. Recebe três meses depois da venda. A economia não parou de lá pra cá. O dólar subiu, desceu. Não tem controle e sem uma numeração efetiva você não controla, você pressupõe. Triste constatação, né? Por isso, hoje em dia, está essa chiadeira por parte de muitos músicos que estão batendo de frente com as Gravadoras e lançando seus álbuns em selos independentes através de bancas de jornais.

Para piorar toda essa situação o artista ainda sofre com as misérias dos direitos autorais de execução repassada pela ECAD, que ao meu ver, não é o único vilão da estória. Podemos considerar como vilãs algumas centenas de emissoras de rádio e televisão que, embora pagando os direitos autorais, não remetem ao ECAD as planilhas de execução, frustrando, assim, que os verdadeiros titulares das obras recebam seus direitos. Mas pera aí, não acabou não ! Atualmente o artista está lutando contra a pirataria de seu trabalho. Mais uma prova de que o Cd que, ele faz com todo carinho, pode ser encontrado num camelô da esquina a preço de banana e vendido como um simples papel higiênico. É, as coisas não estão fáceis! Como diria o saudoso mestre Renato Russo: Que país, é esse ?


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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