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O caminho rumo ao estrelato


Mesmo diante das dificuldades da cena independente, ainda há uma luz no fim do túnel para o sucesso

(08/03/2013)

Mostrar seu valor e futuramente ser reconhecido mundialmente a nível de um artista ou banda consagrada. Esse é o objetivo final de todos que optam pela música como o seu carro-chefe da vida. Mas lamentavelmente o caminho rumo ao estrelato não é fácil e no meio dele nos deparamos com mais contras do que prós em relação aos artistas independentes. Um dos contras seria a falta de organização de produtoras underground, que pouco se importam com a cena, mas sim em como sugar mais dinheiro de pequenas bandas, que por falta de escolha acabam caindo nas conversas, pois precisam tocar. Outro seria a falta de visibilidade, diferente do underground americano, já que aqui não há muita atenção a essa cena, o que faz com que uma banda precise de um severo esforço e determinação para que cresça, e mais do que isso, sobreviva.

E quando há pessoas ou organizações comprometidas querendo ajudar a alavancar esse meio nos deparamos com notícias desanimadoras. Como é o caso do site Trama Virtual, cujo objetivo é divulgar artistas independentes. Com um comunicado curto e sem explicações, a Trama Virtual anunciou o fim de suas atividades no final de março: "O site Trama Virtual sairá do ar no dia 31/03/13. Agradecemos a todos que estiveram conosco", diz o texto. E ali havia muitos artistas independentes que conseguiam, através do espaço, expor a riqueza de sua obra cântica. A banda ou o músico podia criar um perfil com release, fotos, agenda, blog, notícias e, claro, quantas músicas quisessem disponibilizar, organizados por singles, EPs, álbuns, ao vivo etc. O Trama Virtual surgiu como parte da gravadora Trama, fundada por João Marcelo Bôscoli e André Szajman. A Trama investiu não só em artistas independentes - Otto, Max de Castro e Cansei de Ser Sexy lançaram álbuns pelo selo - como em tecnologias para favorecer a divulgação desses artistas como o Álbum Virtual e o Download Remunerado. Enfim, quem perde com isso é o proprio artista que está começando, pois fica refém de uma ferramenta poderosa que ajudaria e muito em seu início.

Nesse ponto de vista, a Internet ainda é a grande aliada do artista independente. A escassez de boas feramentas é notória, mas ainda é possível, por conta própria, o artista usar as Redes Sociais para a divulgação de sua carreira, manter uma interação dia a dia com o público que o conheça ou desconheça seu trabalho e de quebra se mostrar para o mundo. Isso sem falar na construção de seu próprio site oficial, que independe de qualquer ajuda externa, assim como também a criação e divulgação de clipes pelo Youtube. O músico ou banda que quer se dar bem, tem que usar desses meios para valorizar seu trabalho.

A Internet facilitou essa tarefa, mesmo assim, ainda é difícil conseguir se consolidar dentro de tantas outras bandas. Venho percebendo que para estimular a cena underground, os artistas começaram a se organizar para produzir festivais de música independente, levando em conta três importantes ações: fomentar a música independente, apresentar as bandas ao público e realizar intercâmbio entre os músicos. Sem dúvida, uma boa iniciativa para driblar as dificuldades de divulgação. É complicado, hoje em dia, saber quantos festivais de música existem no Brasil, porque muitos deles não estão vinculados a associações. Porém, a Abrafin (Associação Brasileira de Festivais Independentes) conta atualmente com 43 afiliados, de todos os estados brasileiros. Entre eles, alguns eventos conhecidos como o Porão do Rock, o Goiânia Noise Casarão, o Jambolada e o Vaca Amarela. São por meio desses eventos que a prática da atividade cultural da música se fortalece e consegue mostrar o panorama de bandas e produtos disponíveis nesse mercado. Além disso, mais do que música, esses eventos possuem uma programação paralela. Na maioria deles, além dos shows, há oficinas, workshops, painéis e rodas de discussões. Tudo com o mesmo intuito: pensar em métodos eficazes para melhorar essa cadeia produtiva.

Inclusive grandes empresas estão começando a apoiar esse movimento e quem ganha com isso é o artista independente que tem mais um incentivo. O fato de grandes empresas apoiarem os eventos de música independente, ainda mais quando o gênero é o rock and roll, é uma evolução. Prova que o olhar de marginalidade não existe mais, e que, hoje, o rock como música é valorizado e respeitado tanto como a MPB. A linha da desigualdade está se atenuando, e, sem dúvida, os festivais são no momento a estrada correta para que a música independente alcance seus objetivos. Mas não esmoreça diante do quadro atual. Gravar bem, escolher repertório, fazer clip por Internet, por exemplo, é importante. Mas acima disso o passo principal é montar um bom show e cair na estrada. É fazendo show que se conquista público e torna seu trabalho conhecido. Artista independente, não fique resmugando pelos cantos e lamentando a falta de oportunidades. Não tem como ficar em casa sentado e esperando alguma coisa cair do céu. Vá a luta. Mostre a sua cara !


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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