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A música sem rótulos


Nova tendência de mercado põe artistas e suas canções sem os antigos rótulos e abre caminho para uma reflexão cultural

(11/11/2011)

As músicas de hoje em dia destoam bastante das de antigamente. Isso é fato. O que as pessoas não percebem é que o perigo mora aí. Está havendo uma banalização que vem acarretando falta de identidade aos gêneros musicais. A música moderna ultrapassou todas as fronteiras e hoje é vista como uma mola precursora de descaracterização dos ritmos. Escrevi muito formal, não é mesmo? Bom, sendo mais claro e direto: foi-se o tempo em que cada canção tinha seu rótulo de acordo com o ritmo e o artista. Hoje, devido a fatores como público, dinheiro, influências, a música segue sua sina sem seus saudosos rótulos e com isso vai se criando uma era marcada por novas tendências. A reflexão cultural é grande a partir dessa nova empreitada.

Eu particularmente acho legal um artista de determinado gênero buscar novas influências pra seu tipo de música e extrapolar esse universo até então fechado. Porém, é preciso ter autoridade e personalidade pra admitir essas mudanças, senão fica parecendo oportunismo. Os sertanejos Victor e Leo, por exemplo, em entrevista recente ao Portal R7, admitiram que não gostam muito que as pessoas rotulem a música que eles fazem. Na opinião deles, o sertanejo tem muita história e é um gênero muito forte e por isso preferem que suas canções não tenham rótulos por respeito a um tipo de música de raíz que é bem maior do que tocam. Segundo eles, há tantas influências nas músicas que ouvem e fazem que fica até difícil separar o que é sertanejo do que não é.

Concordo em gênero, número e grau. Eles tiveram uma postura bem definida e com isso podemos dizer que a música que fazem não é 100% sertaneja. Basta ouvir o som deles  e dá pra se perceber mesmo que não tivessem afirmado tal condição. O sertanejo tem muita tradição de campo. Isso mostra que não devemos rotular a música, pois os rotulos são coisas que nos prendem a um único estilo musical. E atualmente podemos muito bem ir do pop ao country, por exemplo. Generalizar um artista ou canção podemos ficar distantes de seu real significado.

Ao mesmo tempo que sou um fã de quem segue uma tendência dentro do estilo musical que escolheu, gosto também desses artistas que tentam experimentar outras influências. Beber de outras fontes é sempre bom. O ruim é o músico tocar uma balada romântica e dizer que aquilo ali é um pagode ou um samba. Se ele tem hombridade pra admitir que é um grupo eclético e não de determinado gênero, bato palmas pra essa iniciativa. Mas artista que chega e diz que aquele tipo de música faz parte de um ritmo já definido é uma burrice que não tem tamanho. Aí é chover no molhado !

Eu defendo demais a música de qualidade, independente do rótulo que ela carrega. O rótulo as vezes é prejudicial, pois quantas músicas boas perdemos quando nos aproximamos delas com o espírito de prevenção?! Sabendo diferenciar o que é comercial e o que são novas influências, ja é um bom sinal de que você está no caminho certo. Afinal, nesse sentido não cabe generalizações. A música sem rótulos é o que há. Apreciem sem moderação!


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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