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Os erros e acertos
do Rock in Rio 4


Evento, que era muito esperado, começou com vários problemas, porém fechou com um ´´gostinho de quero mais``

(03/10/2011)

Descontração, público em massa, bandas contagiantes, euforia, delírio total. Essas poderiam ser as características que marcaram positivamente o começo desse Rock in Rio. Quem dera que tudo fosse sempre assim. O evento está terminando nesse último fim de semana de setembro e embora ainda tenha muita água pra rolar nesses próximos 4 dias, a sensação que passa é de que houve muito mais erros do que acertos. As bandas e cantores, por sinal, foram muito bem escolhidos. A lamentar apenas as ausências de artistas que marcaram história e gerações e que poderiam ter dado uma dimensão ainda maior a essa festa da música. Exemplos não faltam. Lulu Santos, RPM, Barão Vermelho são alguns dentro do atual cenário nacional. Apesar disso Metallica, Capital Inicial, Stevie Wonder, Ivete Sangalo, Coldplay, System of Down, Guns Roses foram um show à parte e sacudiram demais a platéia.

Mas nem tudo são flores na cidade do Rock. Assaltos, desorganização, Line up equivocado e esquema de transportes deficitário foram alguns dos problemas crônicos que ficaram à mostra nesse primeiro momento. Alimentar-se lá, por exemplo, era perder pelo menos 1 hora dos shows. Faltam mais opções e melhor treinamento aos funcionários para atender a quantidade de gente que está no Rock in Rio. Deve ser por isso que no segundo final de semana de shows as pessoas tiveram autorização de trazer seus próprios lanches. Isso já tinha que ser permitido bem antes. Faltou sensibilidade. Outra coisa ligada à esse fato é o lixão que se formou o local do evento. Um dos pilares dessa quarta edição é que seria um festival preocupado com o meio ambiente. Mas não foi bem assim. E umas das causas disso era o pequeno número de lixeiras. O público acabava jogando tudo no chão. E a verdade é uma só: se falamos em meio ambiente, não podemos pensar em plástico, né? Pois não foi assim no Rock in Rio. Uma lanchonete do evento só entregava seus sanduíches em um pequeno recepiente do material. Lamentável !

Para piorar esse panorama, dois últimos fatos pertubaram a vida de quem foi lá para se divertir: a falta de segurança e a desorganização dos transportes. Houve um índice muito grande de furtos. Só pra ter idéia, a polícia militar diz que o número de ocorrências nos três primeiros dias (cerca de 300) foi pequeno levando-se em conta as pessoas que estavam no festival (aproximadamente 100 mil por data). Porém temos que nos atentar que muitos fãs não fizeram boletim de ocorrência após terem suas carteiras e celulares furtados, o que poderia aumentar significativamente este número. Os seguranças contratados pareceram incapazes e insuficientes para tentar barrar a ação dos criminosos. Os furtos diminuiram um pouco no último final de semana de shows, porém houve alguns princípios de confusão com a tentativa invasão na entrada, controlada pela polícia. Com tanto dinheiro envolvido, deveria ser montado um mega esquema de segurança para proteger a todos que se espremem, economizam e fazem de tudo para ir prestigiar o evento. Deram muita atenção aos artistas, mas nós ficamos desprotegidos.

E para complicar ainda mais, o que foi aquilo dos tickets de ônibus, comprados com antecedência, que davam direito a escolher o melhor horário para o fã pegar o transporte ? Pois é, não funcionou! Em alguns bairros, como Ipanema, a desorganização foi tamanha que muita gente perdeu os shows. Funcionários vendiam o mesmo ticket, que deveria ter sido comprado antes, na hora e deixavam os "espertinhos" passarem na frente de quem se planejou com antecedência. Isso sem falar no trânsito que ficou um caos. O percurso entre a zona sul do Rio de Janeiro até a Cidade do Rock não levava menos de 2h30. Apenas nos últimos dias do evento a chegada do público foi mais tranquila e com os erros cometidos, o esquema de trânsito foi, aos poucos, sendo normalizado, fazendo com que houvesse uma maior organização.

Agora falando mais propriamente da parte técnica. Claro que não dá para agradar gregos e troianos, mas existitiram até aqui alguns equívocos na formação da grade de apresentação. Não dá para entender, por exemplo, o Sepultura tocando em um dos palcos paralelos. E bandas sem muita expressão, como a Glória, abrindo os shows principais da noite. Outra mudança mal feita foi a inversão de horário entre Rihanna e Elton John. O fato deixou a apresentação da morena apagada, já que o público não conseguiu entrar na pegada do show com a apresentação de Elton pouco antes. Até agora a maioria das apresentações deixaram a desejar. Muita expectativa para pouco resultado. Snow Patrol é um exemplo disso.

Parece que só houve erros até agora, mas os acertos também aconteceram e temos que comentá-los. Os palcos paralelos foram uma ótima ideia da organização ! Criar outras atrações para entreter o público é mais do que acertado. O que não falta na Cidade do Rock é opção de diversão. A charmosa Rock Street consegue dar um clima especial e diferente no meio de uma multidão. E por sinal, ficou perfeito. Perfeito então foi o dia do rock pesado. Os mascarados do Slipknot foram o diferencial. E o Metallica? Eles já vieram ao Brasil algumas vezes? Sim. Sempre tocam as mesmas músicas nos shows? Sim. Mas mesmo assim, fizeram uma apresentação impecável e fecharam a "noite do metal" com muito entusiasmo. Ainda teve uma bela homenagem a Cliff Burton, baixista que morreu em um acidente de ônibus, na década de 80. O Tributo ao Legião Urbana foi memorável. Stevie Wonder, então, que espetáculo! Até em português o músico cantou. Ivete Sangalo, apesar do axé não combinar com o Rock, incendiou o público através de uma bela apresentação. Coldplay arrasou com muita emoção. System of a Down fez um show pra fã nenhum botar defeito (28 músicas!) e Guns Roses, apesar dos velhos atrasos de sempe do vocalista Axl Rose e de algumas escorregadas da banda, finalizou o Evento com brio. Vale lembrar que a chuva que caiu sobre a Cidade do Rock no momento da apresentação dos Guns realmente prejudicou o espetáculo com palco encharcado e escorregadio, interferências no telão, poças imundas por todos os lados, além de quebrar o ânimo de muita gente que se encolhia de frio.

Bom, de qualquer forma o Rock in Rio ainda não terminou. Está eternizado. Vai ficar na mente dos saudosistas por um bom tempo. Talvez até a próxima edição. Espero que os organizadores dessa vez possam refletir com os erros e tentar aprimorar ainda mais os acertos para que eu possa estar aqui escrevendo só coisa boa ! E que evite as polêmcias que aconteceram dessa vez. Se o objetivo do Rock in Rio é apresentar apenas bandas e cantores de pop e rock, que ritmos como o axé fiquem de fora. Nada contra o movimento. Adoro, por sinal. Porém evita quaisquer tipo de rusgas com os fãs da maioria dos ritmos que ali estão. O confronto de pensamento do público de Claudinha Leite com os dos roqueiros poderia ter sido evitado. E isso é uma maneira até de resguardar a sua imagem, evitando um constrangimento, pois seu show foi muito bom, porém o público presente, estava esperando outras coisas. Na edição passada o que aconteceu com Carlinhos Brown já era um prenúncio. Mas tudo bem. Afinal, todos estão numa direção, uma só voz numa canção, todos num só coração...Isso é Rock in Rio!


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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