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O artista fabricado
e suas consequências


Produtos de marca criados pela mídia podem ser um dos fatores preponderantes para a crise na indústria da música

(30/06/2011)

A indústria da música anda mal das pernas. Muitos especialistas apontam a pirataria dos CDs como resultado desse processo. Mas sinceramente eu tenho cá minhas dúvidas se é apenas isso. Parece que as pessoas estão cegas ou surdas para não notarem que a relação da mídia com os chamados artistas fabricados pode estar concentrando grande parte dessa causa. Até onde eu sei, cada vez mais a mídia interfere em nossas vidas, principalmente quando se trata de artistas fabricados ou melhor, os produtos de marca. Ao espalhar esse tipo de artista e música no mercado, nossos ouvidos acabam só recebendo esse tipo de produto e aceitando inconscientemente. É impressionante como hoje em dia existe artista fabricado e o público, sem qualquer reflexão e senso crítico, os idolatram de uma maneira que fica fácil qualquer rostinho bonito vender mais de 1 milhão de cópias num único CD.

A voz é o coração do cantor. Ele vive disso. Mas percebo a cada dia que a mídia não tem levado isso em conta. Vejo pessoas com talento não sendo reconhecidos, mas pessoas sem talento algum no topo. A mídia quer que o público passe cada vez mais a enxergar com os olhos dela até porque o dinheiro fala mais alto e ela tem que defender o seu lado. Mas isso está abrindo um precedente perigoso. Os rostinhos bonitos e sem talento espalhados pelo país a fora estão se fortalecendo e vendo que, se unirem forças com alguém influente, vão ganhar rios de dinheiro. Mas infelizmente pra música isso é desastroso, pois apobrece ainda mais o atual cenário.

Um artista de verdade tem características próprias. Suas turnês têm que mostrar inovação e criatividade. Seus álbuns têm que reunir músicas bem feitas. Suas entrevistas têm que ser receptivas ao público. Seus vídeos têm que chamar atenção e fazer com que as pessoas não se esqueçam da música nunca mais. Sem isso, o artista não tem sua marca. Isso sem contar com os fãs. Ao meu ver o artista deve ter o mínimo de contato com eles, seja pelo twitter, facebook ou telefone. E também as campanhas. Os bons artistas, aqueles com “boa alma”, são os que doam dinheiro, adotam, ajudam instituições e contribuem prevenção de doenças. Lembre-se: imagem é tudo !

Pegar uma palavra e repetir 50 vezes não é música e muito menos um artista de verdade faz uma coisa dessas. Se faz é porque tem uma segunda intenção nisso tudo e outras fontes por trás. É preciso que o mercado, a mídia e os investidores parem de fabricar artistas e tragam pra nossa realidade as verdadeiras almas. A música é arte. Banalizá-la e apequená-la é uma coisa monstruosa. O jovem cantor canadense Justin Bieber, de 16 anos,  por exemplo, deu uma declaração no mínimo curiosa no início desse ano, quando começou a viver o auge da fama. O artista mais famoso da atualidade revelou o seu descontentamento com os que o criticam, acusando-o de ser "fabricado". Segundo Justin as pessoas não percebem que ele vem tocando música desde que nasceu e que tem isso dentro dele. E aí, eu vou falar o que depois disso ?!


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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