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A nova onda colorida


Bandas coloridas invadem mercado da música e criam polêmica entre os artistas ao pegar carona no rock nacional

(21/10/2010)

No últimos meses um fenômeno surgiu no cenário pop-rock brasileiro. Se você gosta do gênero deve ter percebido que estamos tendo uma verdadeira invasão de “bandas coloridas”. Trata-se de um dos assuntos mais comentados do momento (já foi abordado até no Fantástico e no MTV Debate), ao lado de outras modas como Justin Bieber, Lady Gaga, entre outros. Fazem parte do movimento colorido bandas como Restart, Cine, Replace, Hevo84, Hori que começaram a moda de misturar a música pop com roupas coloridas, normalmente usando casacos Hoodie ou blusas coladas, calças Skinny e tênis All Star. O sucesso dessas bandas entre os adolescentes foi tão grande que impulsionou a moda dessas roupas. O sucesso destes grupos é inegável, mas como tudo que fica em evidência, são expostos a muitas críticas. A pergunta que não quer calar é: será que o sucesso dos "coloridos" faz sentido?

Bom, antes de tentar responder a essa questão preciso fazer uma ressalva. Para quem ainda não sabe, a invasão do estilo colorido não surgiu agora com as bandas do momento. O auge colorido veio do movimento cultural Punk, com extrema evidência entre os anos 70 e 80. Nesse período seus adeptos usavam elementos típicos alfinetes, patches, lenços no pescoço ou à mostra no bolso traseiro da calça, calças jeans rasgadas, calças pretas justas, bondage pants (calças xadrez com vários zípers nas pernas), bottons de bandas punk e de protesto, jaquetas de couro com rebites e mensagens inscritas nas costas, coturnos, tênis converse, correntes, corte de cabelo moicano, colorido ou espetado, etc. Os coloridos de hoje se diferenciam pela sua praticidade e peças básicas disponíveis para ambos os sexos. É um estilo representado apenas pelo uso das cores. São usadas muitas cores fluorescentes e texturas bem artísticas, alargadores, pulseiras coloridas e largas, cintos coloridos ou de rebite, faixas de cabelo e wayfarer.

Voltando ao assunto, que é polêmico, muitos artistas com bastante tempo no mercado têm a resposta para esse novo movimento. Respostas essas que funcionam como verdadeiras críticas a onda colorida. O líder do Capital Inicial, Dinho Ouro Preto, por exemplo, detonou os integrantes do Restart ao afirmar que daqui há alguns anos eles vão olhar para suas fotos e sentir vergonha. E complementou ao declarar que. pelo que ouviu dessa geração colorida, do Restart, eles fazem Fresno e NX Zero parecerem Dostoievski (importante escritor russo, autor de Crime e Castigo). Já Tico Santa Cruz, vocalista dos Detonautas, mandou mais direto ainda sobre a safra de bandas coloridas que despontou nos últimos dois anos. Segundo ele, se o saudoso produtor Tom Capone  fosse vivo, não teríamos bandas por aí inspiradas em teletubies, deixando a música de lado.

Quanto chumbro grosso, não é mesmo ? Acho que é saudável qualquer banda ou artista se lançar no mercado seja através de modas ou através de um novo gênero. A única coisa que não admito é que peguem carona em algum movimento para ter seu nome associado a ele. Tenho percebido na Internet muitas reclamações que não se pode chamar o som que essas bandas fazem de rock (por mais elástico que este gênero seja hoje em dia). O som delas estaria mais para um tipo de power pop dirigido ao público feminino, sobretudo adolescentes. Os produtores desses grupos condenam essas declarações e afirmam que isso é rock jovem e que sempre foi assim desde Elvis e Beatles, que também eram criticados pelos mesmos aspectos. Mas será que dá para comparar os cabelos alisados na chapinha dos integrantes desses grupos - muito parecidos com os dos emo, aliás - com as franjinhas dos primeiros anos dos Beatles?! E a sonoridade, também tem comparação ???

É, a guerra está travada. De um lado os grupos da antiga e de outro a moda jovem. Seja como for, as bandas coloridas movimentam um imenso público adolescente, consumidores que têm na MTV a sua principal divulgadora, e nas revistas "Love Rock" e "Love Teen" (ambas publicadas por pequenas editoras paulistas) as suas fontes de informação. São menininhas histéricas, parecidas com as que corriam atrás dos Beatles, algo que, entra geração, sai geração, pouco muda. Mas como tudo na vida passa, a moda também passa. A única coisa que não pode ocorrer é diminuírmos o rock nacional que já revelou tantas feras como Cazuza, Barão Vermelho e Legião Urbana. É preciso ter muita responsabilidade antes de rotularmos  esse gênero e saber separar quem está querendo pegar carona nele e quem está com um projeto sério. No universo musical há espaço pra todos, mas como diz aquela música, cada um no seu quadrado, senão papai do céu não terá piedade com o rock nacional ...


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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