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Gravadoras:
uma `canoa furada´ ?


Polêmica foi criada pelo líder da banda britânica Radiohead e propõe uma discussão sadia sobre a Internet X Gravadoras

(11/06/2010)

"Quando a indústria morrer, não haverá grande perda para o mundo. Não se prenda a um barco que afunda porque, acredite em mim, ele está afundando". Essa foi a declaração franca, direta e por que não, inteligente, do experiente Thom Yorke, líder da banda Radiohead, que resolveu disparar contra as gravadoras e o atual momento que vive a música. No recado bombástico, visando diretamente aos aspirantes a músicos, Yorke mostra que as grandes gravadoras são uma "canoa furada" e é melhor evitá-las. Além disso, ele dá ao entender que os artistas necessitam receber diretamente  por seu trabalho, mas que têm que se mostrar contrários aos interesses de autoprotetores da indústria. Vale lembrar que o Radiohead teve contrato com a gravadora EMI por 12 anos, mas optou por lançar seu último álbum, "In rainbows", de 2007, através de seu site oficial. Foi um sucesso.

A polêmica dessa declaração, vinda de um astro internacional, é que acabou ficando em evidência uma boa discussão entre Internet X Gravadoras. De um lado, um grupo que vai concordar com ele ao achar que, com o advento da Internet, as gravadoras ficaram obsoletas e do outro um grupo que vai contra por considerar que elas ainda têm papel preponderante na promoção de novos artistas. Sinceramente estava faltando essa sacudida no mercado. Vejo uma enorme inércia dos artistas tanto os de nosso país como os estrangeiros em prol de mudanças. Nos últimos tempos apenas Lobão teve peito de se insurgir contra a indústria. Mesmo assim, por ser um artista gigante e acreditar que não cabia naquele setor independente, foi obrigado a se unir novamente com seus inimigos para que lançasse seu trabalho Acústico. De qualquer forma, como mesmo frizou na época, ele teve êxito em seu ideal, pois fez a indústria cair de joelhos.

Eu tenho a plena certeza que existe muito artista famoso que é contra as gravadoras. Porém, por mais que eles já estejam estabilizados na música, precisam delas como se fossem seus guias protetores. Provavelmente há muita coisa em jogo que só elas têm acesso. Considero, porém, que o fato de se rebelar contra as gravadoras ser um negócio arriscado para os novatos, essa classe deve seguir o exemplo do líder do Radiohead e tentar caminhar junto com a Internet. O mundo está globalizado e com a Grande Rede não há a necessidade mais de mediador entre o público e os artistas. Hoje em dia, muitos profissionais já perceberam isso e disponibilizam suas obras até de graça pela rede. É o filão mais apropriado pra esse início.

Lógico que um "empurrãozinho" de quem sabe é fundamental, mas a escravidão na música também não pode existir mais. Os novos artistas têm que ser livres para criar suas obras e alçar os vôos necessários dentro de suas respectivas carreiras. E a Internet é a maior aliada nessa divulgação sim. Atualmente existem muitos canais entre o público e o artista que representam o chamariz de seu trabalho. Já que estamos internacionalmente falando, o primeiro disco do Artic Monkeys que a banda disponibilizou na net de graça, por exemplo, fez o maior sucesso e chamou a atenção de todo mundo. Essa é a prova mais do que concreta que tudo pode ir mais além do que um simples jabá. Chegamos ao ponto de partida para revolução musical. Uma revolução que orienta e abre os olhos de quem ainda se deixa enganar pela indústria fonográfica. A Internet já é uma realidade !


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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