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Os talentos que são desperdiçados


Excelentes bandas e artistas são obrigados a mudar de estilo, ceder as pressões e acabam ficando no meio do caminho

(21/10/2009)

O assunto desse mês é extremamente sério e vale pra todos que estão em busca de um lugar ao sol nesse cenário musical cada vez mais concorrido. Diariamente muitos talentos estão sendo desperdiçados durante a continuidade da profissão. Vejo por aí muitos músicos que desistem de seguir a carreira artística por medo da incerteza e acabam optando por uma profissão mais tradicional. Com isso, os sonhos e a esperança de buscar a fama acabam ficando no meio do caminho. Triste constatação pra nós, observadores musicais, que conseguimos enxergar por aí verdadeiros talentos, mas não podemos fazer nada, pois quem manda, não quer dar oportunidade a qualquer um e quando oferece essa oportunidade ao novo talento, este é descaracterizado por completo, fazendo com que sua linha musical seja perdido e seu estilo seja alterado a força. Tudo por causa dos famigerados royalties e da ganância.

O resultado é a prostituição musical. Um exemplo disso está no Rio Grande do Sul. De lá a grande mídia destaca sempre 3 ou 4 grupos de rock. Nada contra eles, pois trabalham dignamente em busca do sucesso. O problema é que vejo pouquissimos grupos de outros estilos ganharem um espaço igual. Alguém aí já viu uma banda de pagode ou de samba do RS estourar no mercado nacional ?! Pois é, se você que mora no eixo RJ-SP, não sabe, lá existem muitos grupos legais que levam esse gênero a sério e só não conseguem estender o sucesso por outras praças, devido à falta de sensibilidade e visibilidade que a mídia proporciona a eles. E isso, diga-se de passagem, não acontece só com o pagode não. Existem bandas de rock que tornam o gênero diferenciado com a introdução de alguns ingredientes musicais e que estão sem essa mesma oportunidade que dão para as já conhecidas. Ao meu ver, esses que são divulgados com pompa não chegam perto da sonoridade desenvolvida pelos novos talentos.

Diariamente recebo reclamações de muitos desses jovens valores gaúchos que revelam que, para quem vive da música e faz trabalho autoral, as portas só se abrem se voce fizer um rock meio inglês com sotaque gaúcho, ou aqueles clássicos "pistolões". Ou seja, ótimos músicos, com excelentes trabalhos, estão desistindo de seguir o caminho ou acabam sendo obrigados a compor dentro desse estilo, pois caso contrário, voltam pro anonimato. A partir daí, as mágoas se tornam reais e os sonhos, os desejos e os planos acabam frustrados.

Esse é apenas uma pequena amostra que acontece diariamente no Brasil todo. Sei de muitos casos que chegam a mim, mas por falta de espaço e cronograma não tenho como colocá-los aqui. A grande verdade é que
a escolha profissional é muito pessoal e depende da vontade, habilidades, anseios e histórico de vida de cada um. O sucesso e o dinheiro são conseqüências de um esforço pessoal, independente da profissão escolhida. Com isso, a dedicação e a motivação para superar essas adversidades tem que existir. Peço para que os verdadeiros músicos e artistas não se deixem levar por propostas indecentes e procurem correr atrás do sonho tocando e fazendo o que gosta.

Você tem que pensar como músico, empresário e público. Mantenha os pés no chão e saiba que você pode ficar famoso, ganhar um bom dinheiro, mas que também isso tudo pode acabar num piscar de olhos. Fazer um som só pra vender pode ser uma péssima experiência. Os modismos são extremamente mutáveis, o som da rádio hoje pode não ser o mesmo de amanhã e mesmo que o empresário te aceite agora, pode ser que no futuro arruine sua carreira também da mesma forma. Não se deixe enganar e jamais desista das suas aspirações. Se você deseja montar uma banda, se lançar como artista, então, siga em frente. Desistir é a saída dos fracos. Insistir é a alternativa dos fortes.


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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